Podemos que é a fundamentação da espiritualidade. Estar consigo mesmo, por alguns momentos, diariamente com a intenção e determinação a partir de um processo ou um método para buscar penetrar por um espaço interior onde somos completos, verdadeiros, centrados, íntegros.
E quanto mais valorizamos e respeitamos a
necessidade deste momento, mais aumentamos a nossa consciência sobre o processo
que desenvolvemos para chegar a ele, não devemos fazê-lo em busca de resultados
concretos e objetivados, mas de encontrarmos a realidade expandida, profunda,
satisfatória que a meditação proporciona. Existem muitas técnicas, orientais e
ocidentais ligadas à uma crença religiosa ou não, mas não importa aquela com a
qual nos identificamos desde que sejamos inteiros e disciplinados, deixando por
um momento de lado nossos anseios e agitações para vivenciarmos a experiência da
transcendência que deve ser natural, além de descortinarmos muitos de nossos
aspectos e características encobertos pelo véu da ilusão.
Alguns preparos são importantes, mas muito
mais do que estar num templo silencioso, precisamos mesmo é de remover as
distrações cotidianas, e mantermos foco e atenção a um objeto ou à respiração,
sem nada esperarmos que algo de místico aconteça. Quem pratica meditação, seja
um praticante iniciante ou um avançado, todo lugar é lugar de prática, todo
momento é o momento adequado, e tudo pode ser incluído, até mesmo os próprios
pensamentos ou os ruídos da vida cotidiana. E é assim que acessamos outras
dimensões ou estágios da consciência.
Quando muitas regras são estabelecidas além
dos controles sobre o corpo, a mente reiteradamente busca desculpas para evitar
a prática. É claro, que ter um momento sem atividade além do ato de respirar
naturalmente e sem esforço, sentado em uma posição confortável, num ambiente
tranquilo, faz muita diferença na qualidade da prática meditativa e no número
de benefícios proporcionados. Mas meditação também é movimento, também é dança,
é visualização, é canto e repetição. É a hora do banho é hora de meditação,
assim como podemos meditar caminhando.
Budha ensinou a importância de tirarmos pelo
menos quarenta minutos para sentarmos sem fazer nada. Não disse que tínhamos que
esperar pela iluminação com a “subida da energia da Kundalini”, ou que
deveríamos esperar pelos espasmos musculares quando penetrássemos pelas
dimensões superiores da consciência, ou que iríamos visualizar seres
extraordinários. Criaram-se ao longo dos tempos expectativas místicas, que
apenas serviu para afastar as pessoas deste simples momento de estar consigo
mesmo, abrindo espaço para uma experiência de unidade com todo o Universo.
Integrando as partes abandonadas pelos excessos da vida cotidiana tão cheia de
cobranças e tensões.
As pessoas que parecem temer este contato
consigo mesmas, elas não sabem que a
meditação muda o nosso mundo exterior, os nossos relacionamentos, o olhar sobre
os problemas, sobre a vida, porque acima de tudo muda o nosso interior. Tornamo-nos
naturalmente mais pacientes, focados, centrados, atentos, melhoramos a nossa
memória, nos tornamos pessoas melhores. Tudo isto e a ciência ainda a cada dia
revela mais, porque simplesmente nos voltamos para dentro por alguns momentos. E
isto é a verdadeira meditação.
Não importa a crença religiosa ou espiritual
de cada um, o que mais observamos são pessoas vivendo uma enorme incoerência, a
grande maioria estabelece metas para a vida privada e/ou profissional, sem
levar em consideração o árduo caminho que será necessário para que possam ser
alcançadas, que se opõe ao ritmo de vida e das condições gerais. Falta uma real
análise das condições, da flexibilidade necessária, do contexto emocional, da
educação. Obviamente que estas metas ou sonhos deixam claro que apenas estão
buscando o fim do sofrimento e da dor. Parece que existe uma cobrança interna
que mantém a pessoa ocupada demais, desenvolvendo hábitos e comportamentos
nocivos, relações doentias e estéreis para justificar as metas mesmo que
inconscientemente. Fica difícil aceitar então o convite para fazer este retiro
para os reinos interiores, é mais fácil construir algo no mundo externo, do que
escavar nosso mundo sombrio e silencioso. Estamos invertendo as nossas mais
antigas inclinações de recolhimento, introspecção e abnegação.
Os praticantes de meditação regulam melhor as
suas emoções, conhecem-se melhores, atuam a partir de dentro, escolhem melhor
suas opções de crenças e estilos de vida, estabelecem uma conexão com o
Universo de forma única e sem tendências. Então porque não começar a meditar!
Nenhum comentário:
Postar um comentário