segunda-feira, 18 de maio de 2015

As Emoções Negativas e o Perdão

Quando temos consciência das  nossas emoções elas podem expressas de forma livre e sem julgamento e assim tendem a fluir sem causar muito danos a nós mesmos ou aos outros. Porém quando não nos conhecemos realmente, ou não temos consciência das nossas emoções podemos reprimi-las, principalmente aquelas que consideremos negativas ou destrutivas, e a repressão emocional podem causar problemas de saúde como os cardiorrespiratórios, distúrbios digestivos ou insônia e muitos outros.
Ter consciência de si mesmo, de nosso campo emocional, identificar os nossos pensamentos e as emoções a eles associadas, dos impactos que eles causam em nosso comportamento e nos nossos relacionamentos, é imprescindível para viver bem, ter mais saúde e relacionamentos sociais e profissionais mais íntegros. Desenvolvendo a consciência, podemos reconhecer a qualidade de nossos pensamentos, sentimentos e atitudes diante de qualquer experiência; e assim podemos ajustar as nossas reações emocionais, corrigir os pensamentos e abrir novas possibilidades. Enfim, podemos sair da zona de conforto e nos permitir conhecer o novo em nós mesmos.
Emoções Negativas e a Saúde

A mídia a todo instante revela as pesquisas sobre os danos que o stress, a depressão ou a ansiedade causam à saúde. Poucos falam dos danos causados pelos sentimentos de desamparo, das atitudes estressantes das quais não conseguimos reconhecer ou mudar, dos danos causados ao nosso cérebro pelos produtos tóxicos contidos nos alimentos, da angústia que fica depois que vivermos falsos sentimentos de felicidade, e raramente e para não dizer nunca comentam do impacto destrutivo no nosso sistema imunológico causado pelas emoções negativas. Vivemos tão estressados, angustiados, ansiosos devido à nossa vida cotidiana tão cheia de cobranças e pressões, que cientistas dedicam-se a estudos e pesquisas sobre o stress. Algumas já identificaram que o stress pode diminuir o nosso tempo de vida, porque ele encurta os nossos telômeros (as “tampas” de nossas cadeias de DNA, que tem uma grande função no envelhecimento). Que mal causam então a raiva, a hostilidade, o apego, a aversão  à nossa saúde?

Emoções Positivas

Algumas pesquisas demonstram que as emoções positivas podem melhorar a nossas perspectivas do mundo, aumentar a nossa criatividade, perceber que existem outras opções, outros caminhos outras possibilidades e, com o tempo podemos construir um corpo emocional mais resiliente, resistente, experiente, mais amplo. Dr. Fredrickson publicou suas descobertas neste campo, afirmando que os benefícios físicos e emocionais de um estado mais positivo diante da vida contribui na recuperação do stress cardiovascular, melhora a qualidade do sono, melhora o sistema imunológico e muito mais. Sei que não é fácil sair de um estado negativo de stress, ou depressão para um estado mais jovial, brincalhão, sereno, repleto de sentimentos de gratidão, altruísmo, amor por si mesmo e ao próximo em um estalar de dedos, mas sei como psicoterapeuta e professora de meditação que é possível desenvolver estes estados positivos com dedicação e disciplina.

O que mais se observa no consultório, são pessoas com tendência a priorizar o estado negativo, parece que elas estão se defendendo das ameaças, lutando do lado daquilo que mais as prejudica. Como é difícil ceder, abrir mão do mecanismo de sobrevivência, parar de ficar ruminando sobre as nossas frustrações, desentendimentos, medos. Como é difícil fazer diferente, buscar outras opções, ver nas dificuldades oportunidades de crescimento e aprendizagem, como é difícil para de atacar e agir com mais gratidão e amor.

É preciso criar coragem para experimentar emoções positivas, quando as destrutivas ocupam espaço no nosso cotidiano. Buscar viver estados emocionais harmoniosos e construtivos possibilita criar os recursos psicológicos fundamentais para uma vida mais saudável e prospera.

E como fica o perdão?

Quando estamos mergulhados na negatividade, nos sentimos atacados por todos os lados, às vezes até agimos de forma incoerente com o nosso discurso. Parece haver dois de nós vestindo o mesmo corpo. Costumo dizer, que somos como uma casa com muitos quartos. Somente abrimos as janelas daqueles que usamos, os outros nos trancamos, mantemos as janelas fechadas e esquecemo-nos deles. No entanto, é dentro deles que se encontram as nossas tralhas, nossos monstros ou demônios, os aspectos de nós que não queremos reconhecer. Mas estes aspectos saem de seus aposentos mais escuros quando estamos tomados pelas emoções negativas, agimos de forma dita “inconsciente”, falamos sem pensar nas consequências, nos comportamos justamente da forma que mais criticamos.  E é justamente por isso que o perdão é tão importante.

Perdoando primeiro a nós mesmos, depois perdoando aquele que nos magoou.  A atitude de perdoar e aceitar o pedido de perdão melhora nossa saúde mental, emocional e físico, reduz a raiva, o desconforto gastrointestinal, tonturas e outros males.

O perdão como uma prática espiritual

O exercício do perdão é ensinado como uma prática espiritual por todas as religiões, de Jesus a Budha e tantos outros mestres e santos. No Terceiro Novo Dicionário Internacional da Webster a palavra perdão significa: “Para cessar o sentimento de ressentimento contra um erro cometido”.


Um pequeno conto do Budismo Tibetano sobre dois monges que deparam um com o outro alguns anos depois de erem sido libertados de uma prisão onde tinham sido torturados pelos seus captores. “Você perdoou?” Pergunta o primeiro. “Eu nunca vou perdoá-los! Nunca!” responde o segundo. “Bem, eu acho que eles ainda o têm na prisão, não é?” diz o primeiro.

Praticar o perdão desbloqueia os nossos caminhos, libera nosso corpo dos sintomas da raiva, medo e ressentimento. Estas emoções costumam nos endurecer, reduzem as nossas opções para responder as questões da vida, criam obstáculos ao fluxo da vida, mudam o foco da nossa atenção, dificultam a pratica da meditação, bloqueiam a nossa respiração, enfim enfraquecem o espírito.


Podemos abraçar o perdão como um ato de compaixão e gratidão. Podemos começar reconhecendo tantos aspectos bons da nossa vida, aceitando tudo o que já conquistamos, criando ondas de bem-estar emocional.




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