Jovens
Podem te elegerem a pessoa mais feia
da turma no ensino fundamental,
Podem insistirem com alguns apelidos
que nunca foram engraçados,
Podem falar do seu cabelo, da sua
pele, do seu corpo, do que você veste, da sua família.
Tramam brincadeiras para
ridicularizar o outro em público, tentam te mostrar que você é menos, ou que
não é um deles no grupo.
E aí você passa a se sentir mal o
tempo todo, ansioso, sufocado, mas ainda não entendo direito o porquê, e o que
está acontecendo.
Então você aprende a odiar e a se odiar e logo
chega no ensino médio com vergonha de si, com raiva, com revolta.
E lá você passa pelos três anos mais
confusos da vida, com excesso de informação, com decepções, falsidades, as
benditas cobranças sobre vestibular e choro, aquele choro escondido.
Conflitos aparecem, como amigos, com
família, com os próprios sentimentos, brigas internas, conflitos consigo mesmo.
Aquela sensação de impotência e em
nenhum lugar se encontra apoio, acolhimento, escuta, atenção, orientação, etc.
E então chega o tal de ENEN e você
por dentro gritando, perdido em sua bagunça existencial, tentando entender sua
mente, seus sentimentos, o seu psíquico.
E logo cedo já começa a matar a sua
saúde mental para não frustrar os pais, já escondendo o que sente.
O sorriso é sempre o mesmo,
O reflexo no espelho ainda machuca,
E você se defende do jeito que
consegue, mas por dentro é só angustia, ansiedade e medo.
E aquelas perguntas que não se
calam: quem sou eu? Vou prestar vestibular onde? E pra que? O que eu quero ser
profissionalmente?
Aquele medo de não saber se você é
uma pessoa incrível ou se é aquele rótulo que lhe deram.
Não, não é normal;
Era para ser escola e não uma
fabrica de distúrbios, ansiedade, depressão e suicídio.
O que para você é brincadeira, para
o outro é sofrimento, é dor, o deprimi; E tem muitos que pelo meio do caminho
desistem de estudar e pior desistem da vida e quando esse dia chega não adianta
chorar, não adianta se lamentar e até mesmo dizer; “eu não sabia”.
Até mesmo porque não são as mãos deles que
estão sujas, mas sim as nossas... as nossas pelas inúmeras vezes que não damos
ouvidos aos nossos jovens, não damos atenção, não damos apoio, não damos
orientação, não acolhemos... não cobramos ensino de qualidade e não
participamos da vida acadêmica desses jovens...
As nossas.
Emílio
Figueiredo
Psicólogo Cognitivo
Comportamental e do Esporte
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