sexta-feira, 15 de março de 2019

Jovens




Jovens
            Podem te elegerem a pessoa mais feia da turma no ensino fundamental,
            Podem insistirem com alguns apelidos que nunca foram engraçados,
            Podem falar do seu cabelo, da sua pele, do seu corpo, do que você veste, da sua família.
            Tramam brincadeiras para ridicularizar o outro em público, tentam te mostrar que você é menos, ou que não é um deles no grupo.
            E aí você passa a se sentir mal o tempo todo, ansioso, sufocado, mas ainda não entendo direito o porquê, e o que está acontecendo.
             Então você aprende a odiar e a se odiar e logo chega no ensino médio com vergonha de si, com raiva, com revolta.
            E lá você passa pelos três anos mais confusos da vida, com excesso de informação, com decepções, falsidades, as benditas cobranças sobre vestibular e choro, aquele choro escondido.
            Conflitos aparecem, como amigos, com família, com os próprios sentimentos, brigas internas, conflitos consigo mesmo.
            Aquela sensação de impotência e em nenhum lugar se encontra apoio, acolhimento, escuta, atenção, orientação, etc.
            E então chega o tal de ENEN e você por dentro gritando, perdido em sua bagunça existencial, tentando entender sua mente, seus sentimentos, o seu psíquico.
            E logo cedo já começa a matar a sua saúde mental para não frustrar os pais, já escondendo o que sente.
            O sorriso é sempre o mesmo,
            O reflexo no espelho ainda machuca,
            E você se defende do jeito que consegue, mas por dentro é só angustia, ansiedade e medo.
            E aquelas perguntas que não se calam: quem sou eu? Vou prestar vestibular onde? E pra que? O que eu quero ser profissionalmente?
            Aquele medo de não saber se você é uma pessoa incrível ou se é aquele rótulo que lhe deram.
            Não, não é normal;
            Era para ser escola e não uma fabrica de distúrbios, ansiedade, depressão e suicídio.
            O que para você é brincadeira, para o outro é sofrimento, é dor, o deprimi; E tem muitos que pelo meio do caminho desistem de estudar e pior desistem da vida e quando esse dia chega não adianta chorar, não adianta se lamentar e até mesmo dizer; “eu não sabia”.
             Até mesmo porque não são as mãos deles que estão sujas, mas sim as nossas... as nossas pelas inúmeras vezes que não damos ouvidos aos nossos jovens, não damos atenção, não damos apoio, não damos orientação, não acolhemos... não cobramos ensino de qualidade e não participamos da vida acadêmica desses jovens...

            As nossas.
Emílio Figueiredo
Psicólogo Cognitivo Comportamental e do Esporte


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