O Poder da Aceitação Radical
“A consciência da impermanência e apreciação de
nosso potencial humano nos dará um senso de urgência de que devemos usar cada
momento precioso.” Dalai Lama
A
vida segue seu fluxo, os momentos veem e vão, o movimento do Universo nunca
para. De repente já estamos no segundo semestre, e num piscar de olhos já
estamos falando das festas do final de ano. Você, sua vida e o próprio planeta
estão em constante transformação. O Budismo
já ensinava e a ciência já comprovou nada é permanente.
Quando
tudo parece que está dando errado é muito positivo lembrar-se disso,
principalmente quando temos que enfrentar situações difíceis com nossas emoções
negativas nos esmagando entre a ansiedade pelo futuro e a depressão causada
pela tristeza do passado. Experimentamos a dor do luto, o sofrimento pela perda
de um emprego, ou o rompimento num relacionamento, o medo por um diagnóstico ou
outra dor avassaladora.
Não
desejo que este texto seja sombrio, mas apenas para provocar reflexões sobre o
fluxo natural da vida, um fluxo pelo qual não temos controle, que se alterna
entre momentos de muita felicidade e outros de muito sofrimento. Precisamos
aprender em primeiro lugar que não temos controle, segundo que podemos
enfrentar os desafios compreendendo que nenhuma experiência é permanente e em
terceiro lugar que podemos superar com tranquilidade se nos conhecermos mais e
conseguirmos equilibrar nossas emoções.
Aprender
que nem os momentos de felicidade e nem os momentos de sofrimento são
permanentes possibilita a construção de uma perspectiva de vida mais tranquila
e alegre. O autoconhecimento também envolve a evolução da consciência, e ser
consciente permite que possamos olhar a vida que estamos vivendo em sua
totalidade, permite que estejamos inteiros em cada instância, seja ela
maravilhosa ou sofrida. Todas as experiências da vida têm uma preciosidade,
oferece um aprendizado efetivo e evolutivo.
Como a Psicologia Budista se relaciona
com a Psicologia Ocidental
A
Psicologia Ocidental ao longo de sua evolução se concentrou principalmente no
diagnostico e no tratamento de doenças e enfermidade mentais e emocionais,
propondo entre outras coisas o cultivo do bem-estar de forma positiva e não em
somente eliminar os estados mentais negativos.
Alguns
estudos realizados desde 1970, quando a
pratica da Mindfulness Based Stress Reduction desenvolvida por Jon Kabat Zinn
começou a ser aplicada como processo terapêutico e, desde a criação do Mind And
Life Institute fundado em 1991 com o objetivo de estabelecer um campo de
estudos das ciências contemplativas e que tem entre seus fundadores nomes como
14th SS Dalai Lama, Francisco Varela e Adam Engle; demonstraram que a Psicologia Budista e a Psicologia
Ocidental entre outros campos científicos podem se unir com ferramentas
poderosas para que o indivíduo manifeste o equilíbrio mental desejado. E este
equilíbrio pode ser manifestado de quatro maneiras diferentes: Conativo,
Atencioso, Cognitivo e Afetivo (Wallace
& Shapiro, 2006)
Regular
as emoções para que aja um equilíbrio desejado pode ser realizado através da
compreensão da impermanência. A Psicologia Budista mostra que a pratica correta
de treinamento mental que permitem o desenvolvimento de estados mentais mais
equilibrados, levando a eliminação dos pensamentos ruminantes e fantasiosos que
produzem sofrimentos intensos. O treinamento mental é a fonte básica para uma
mente calma e plena.
A compreensão da Impermanência como
reforço da Psicologia
A
Psicologia Positiva se junta à Psicologia Budista ao revelar que a felicidade
genuína não é dependente dos fatores externos. A felicidade genuína é antes de
tudo um estado interno e que pode ser
desenvolvido com praticas de meditação (principalmente a Mindfulness ou Shamata
e Loving Kindness ou Metta Bhavana, junto com outros exercícios como a
gratidão, perdão e atitudes focadas no bem, por exemplo.
Sabemos
que os momentos de tristeza e dor estão muito ligados a como estamos vivendo em
relação ao mundo externo: perdas e lutos, sentimento de ameaças de desemprego,
solidão, incapacidade ou impotência que entre outros gera as chamadas emoções
destrutivas na Psicologia Budista - Apego, Ignorância e Raiva que são a fonte
de outras emoções negativas.
Aprender
e compreender sobre a impermanência permite que aceitemos até mesmo com graça e
leveza que aquilo que colocamos extrema atenção e apego pode ser tirado da sua vida a qualquer
momento.
O
apego é uma das emoções destrutivas, e é a que mais dificulta o entendimento
sobre a impermanência. Eu me lembro de que em uma das minhas palestras, uma
médica comentava que aceitava perder bem material na vida, mas a ideia que ela
podia morrer a qualquer instante era de um sofrimento tremendo, que sim ela
tinha um profundo apego à vida, aos sonhos idealizados, a família, coisas que
ela não admitia nem a possibilidade de perder. O pensamento racional de aceitar que tudo e todos em nossa
vida tem um tempo de duração pode sim ser um pensamento refrescante, pode mesmo
ser um alívio.
Mas
é muito importante salientar o que a Psicologia Positiva reforça é que a
compreensão da impermanência não deve provocar nem um esforço extremo para
manter na mente os pensamentos positivos ou atitudes forçadas de alegria e
felicidade. A verdadeira compreensão está no fato de que momentos bons e ruins
se alternam, e que tudo na vida tem data de validade. Para terminar vou citar Paul
Wong – Psicólogo especializado em Psicologia Positiva e nas tradições chinesas:
O desejo pela
felicidade necessariamente nos leva a temer ou rejeitar qualquer coisa que
cause infelicidade ou dor. O apego à posse e à realização invariavelmente
leva ao desapontamento e à desilusão, porque tudo é impermanente. Assim, a
psicologia positiva de buscar experiências positivas e evitar experiências
negativas é contraproducente, porque o próprio foco na felicidade contém a
semente da infelicidade e do sofrimento. O fracasso em abraçar a
experiência da vida em sua totalidade está na raiz do sofrimento. -Wong,
2007
Referencias:
·
Wallace & Shapiro -https://www.sbinstitute.com/sites/default/files/mentalbalance.pdf
·
Dr Paul Wong
- http://www.drpaulwong.com/writing/positive-psychology/
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