De acordo com o Vedanta, os Gunas –
qualidades primárias da natureza – são em número de três: Sattva, Rajas e
Tamas.
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Os Gunas nascem de Prakriti. Nossa energia
Divina não reside neles, mas eles residem no Divino. Na Consciência Divina ou
Supra Consciência, os Gunas permanecem em estado de equilíbrio perfeito. Quando
este equilíbrio é perturbado, o processo de criação começa e os seres vêm à
existência de posse desses Gunas em diferentes proporções. Sob a sua influencia
os seres humanos perdem a capacidade de conhecer a si – mesmos corretamente e
reconhecer a sua natureza divina. Eles
não conseguem ver a sua unidade com Deus e os resto da criação e da
presença do Divino no meio deles. O Ser Absoluto é o verdadeiro desfrutador. É
Ele quem traz à tona toda a criação para a sua alegria ou bem – aventurança
(Ananda).
Como ensina o Vedanta: Purusha (Homem
Primordial) sozinho sentado em Prakriti aprecia as qualidades produzidas por
Prakriti. Os Gunas são os responsáveis pela diversidade existente na natureza.
Por causa da associação com os Gunas ou qualidades, a divisão da realidade e da
irrealidade nascem. Quando os Gunas se manifestam na criação, as almas
individuais ou Jivatmas estão sob sua influencia e começam a sua jornada para
frente no mundo da matéria até a morte do ser.
Sattva é a qualidade pura, livre de qualquer
impureza ou marca, livre de qualquer doença, puramente iluminada. Liga-se à
alma através do apego à felicidade e ao conhecimento. Uma pessoa sattívica
controla as emoções, pensamentos e ações. Possui virtudes, é tolerante, serena,
intelectual, estável emocionalmente, procura estar além das virtudes e
defeitos, não tem medo de morrer. Busca adquirir conhecimentos, habilidades
para ajudar os outros, medita, busca crescimento espiritual. Eventualmente
consegue manter-se além da dualidade felicidade-infelicidade e vice versa. Vive
para servir a sociedade e ajudar os demais no crescimento espiritual no sentido
mais universal. Alto poder espiritual. Dorme bem por 6 ou 4 horas.
Rajas é cheio de paixão (ragatmakam) e nasce
da sede ou do desejo intenso (Thrishna e de Sanga). Liga-se à alma através do
apego à ação. Uma pessoa rajásica é mais
irritada, ciumenta, orgulhosa, egoísta, autoritária, busca pela atenção,
gananciosa, ambiciosa, muitos desejos mundanos, sempre preocupado e sonhador.
possui esforços diligentes mas sem direção em termos de crescimento espiritual.
Está somente na busca pelo aumento de sua autoridade e das posses mundanas.
Egocêntrico somente ajuda os outros desde que isto infle mais o seu ego.
Precisa de 9 a 7 horas de sono. Seu poder espiritual é leve.
Tamas é a escuridão e a crueza do homem. É
“Ajnanajam” ou aquele que nasce da ignorância e de “Mohanam” a causa da ilusão.
Liga-se a alma pelo descuido, preguiça ou sono. Uma pessoa tamásica é
preguiçosa, inativa, egísta, não pensa nos outros ou não se importa em
prejudicar, facilmente irritável. Não possui virtudes. Vive para comer, beber,
manter relações sexuais etc. não se importa em prejudicar a sociedade em geral
seja em nome de uma religião ou ideologia. Baixo nível de espiritualidade.
Precisa de 12 15 horas de sono.
Os três Gunas competem entre si pela
supremacia enquanto existirem no ser. Sattva suprime Rajas e Tamas. Rajas
existe suprimindo Sattva e Tamas. E Tamas suprime ambos Sattva e Rajas.
Como saber qual é a qualidade predominante em
uma pessoa em um determinado momento? Quando Sattva está predominando, todas as
“portas” do corpo humano ou Cakras irradiam a iluminação do conhecimento.
Quando Rajas está predominando, a ganância e o esforço para executar atividades
egoístas aparecem. Com o aumento de Tamas vem a escuridão, a inatividade,
imprudência, preguiça, sono, ilusão.
Uma pessoa que Sattívica por natureza quando
morre atinge mundos superiores e renasce entre pessoas piedosas. Uma pessoa que
é rajásica, quando morre permanece nos mundos médios e renasce em famílias
muito ativas na vida cotidiana. Quando uma pessoa que é por natureza muito
tamásica morre, renasce entre os ignorantes e iludidos.
O proposito de estudar os Gunas não é
incentivar-nos a sermos mais sattívicos e a eliminar as outras qualidades, pois
as três qualidades são parte de Energia Feminina Primordial (Prakriti) e são as
responsáveis pela nossa ilusão e todo o sofrimento na Terra. Por isso as
escrituras canônicas nos auxiliam a nos tornarmos livres dessas qualidades
completamente, fazendo-nos compreender claramente a natureza dessas qualidades
e como elas tendem a nos manter em cativeiro e ilusão ou mundo de Maya. Até
mesmo o esforço para nos tornamos mais sattívicos não é um fim em si mesmo. Ela
é o único meio para superar a paixão e a ignorância e, assim alcançar a auto
realização através da pureza da mente e do coração. Mas não devemos nos
esquecer de que Sattva realmente nos liga ao mundo dos mortais através de sua
tendência a juntar-se a felicidade e ao conhecimento. É, mas Sattva é um
instrumento de Prakriti e destina-se ao seu proposito, em nos manter
acorrentados à vida terrena, sob o controle soberano de seu falso mestre. Por
isso deve-se ir além desses três Gunas e alcançar a imortalidade e liberdade
desde o nascimento, velhice, tristeza e morte.
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Na medida em que os Gunas são quase tudo, e
não há nada fora deles, os nossos esforços na direção da prática do Yoga
(religação com o Divino em nós) deve levar em consideração a constituição dos
Gunas em relação a nossa própria personalidade individual. Temos que estudar o
nosso Eu, temos que tomar posse do verdadeiro conhecimento de quem nós somos,
estarmos realmente atentos com o nosso próprio Ser. Toda personalidade é
formada pelo três Gunas e as minhas atitudes e comportamentos dependem do
padrão em que os três Gunas estão alinhados na fase da vida que estou vivendo.
De nossa atitude geral para com cada
situação, coisas, sentimentos diários e reações, anseios, emoções, podemos ter
uma ideia de como estamos em relação aos Gunas. A natureza dos nossos mais
profundos sentimentos ao longo do dia e as minhas reações desde as mais
genéricas com as coisas exteriores serão um símbolo externo da minha
constituição interna. Muito embora não se possa conhecer o seu ser interno tão
profundamente e totalmente como se gostaria, com a observância de certas
insígnias ou símbolos externos, pode-se saber o que está nos acontecendo
internamente.
A maneira como falamos, damos nossas opiniões,
procuramos conhecer sobre as coisas e pessoas, bem como os anseios profundos do
nosso coração expressam ou não, vamos conhecer melhor que somos nós. Na
verdade, somos alunos, aspirantes, requerentes e devemos nos esforçar para
conseguir realizar a meta suprema, portanto a cautela a cada momento se faz
necessária.
Segundo os Mestres da Escola Vedanta não há
nada a ser conhecido neste mundo senão o nosso próprio mundo interno. Não há
necessidade de preocupação com as coisas, porque toda e qualquer dificuldade
surgem de nós apenas e não dos outros, e não adianta estudar o olhar dos outros
buscando a nós mesmos. A regulação dos Gunas se faz através do fechamento dos
olhos buscando olhar para dentro observando a própria estrutura interna de
nossa personalidade mais profunda, investigando nosso próprio EU.
O essencial é um ajuste contínuo das nossas tendências internas e se
algumas das nossas tendências persistirem significa que os ajustes externos que
procedemos não tiveram muita consequência, porque o que nos liberta e o que nos
une ao Divino é a tendência interna, ou seja, os Gunas. Os Gunas possuem uma
força tremenda, e não podem ser controlados apenas por um esforço mental. Eles
são ótimos, pois são os nossos melhores Mestres, pois como já disse eles são a
nossa composição, estamos sujeitos a eles em todos os sentidos, em cada fibra
do nosso Ser, e talvez por isto é tão difícil ter auto-dominio. O domínio sobre
os Gunas é de domínio sobre o próprio EU.
Profunda observação de si mesmo e de suas
próprias experiências, faz com que a sua individualidade se expanda e aprofunde
à medida em que se avança pelo caminho do autoconhecimento, desta forma os
Gunas entram em reajuste de padrão, tornando a sua influencia mais rara,
etérea, de modo que a luz da Verdade se reflita com maior intensidade. É a
opacidade do padrão dos Gunas que impede a reflexão da Realidade em nosso
próprio Ser, assim como a luz do Sol não consegue penetrar uma parede de
tijolos, que bate e retorna ao exterior, mas quando a parede é translucida ou
transparente como o fino cristal a luz do Sol penetra no interior. Uma
personalidade mais grosseira como a rajásica ou tamásica, o reflexo da Verdade
não é tão evidente, mas em uma personalidade mais sattívica, que é mais
transparente na sua estrutura a aceitação e experiências com a Verdade se
tornam a cada dia mais evidente.
Quais são as qualidade da pessoa que
transcendeu estes três Gunas? Como é que
a pessoa se comporta?
Quando um homem supera os três Gunas, ela já
alcançou um nível de consciência em que ela nem gosta da iluminação, atividade
e ilusão quando estão presentes, nem desgosta quando elas estão ausentes. O ser
humano consegue permanecer inabalável, despreocupado, pois ela sabe que os
Gunas estão simplesmente realizando as ações inerentes à ela. Alheio ao prazer
e à dor, permanecendo o mesmo diante de uma pedra de ouro ou de um pedaço de
barro, inabalável diante do objeto desejado ou indesejado, igual diante da
difamação ou adulação, tanto na honra como na desonra, o mesmo comportamento
diante dos amigos e dos inimigos, sem qualquer esforço egoísta na realização
das ações, somente assim o ser humano estará acima dos Gunas.
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Por Saleela Devi
Psicoterapias