segunda-feira, 4 de maio de 2020

PSICOLOGIA CONTEMPLATIVA




“O homem é um riacho cuja fonte está oculta. Nosso ser está descendo para dentro de nós, não sabemos de onde. ”
- Ralph Waldo Emerson



O que é Psicologia Contemplativa e Psicologia Budista?

De certa forma podemos dizer que a Psicologia Contemplativa tem como pais, a sabedoria de 2.500 anos da Psicologia Budista e as tradições clínicas da Psicologia ocidental, principalmente a escola humanista e as terapias cognitivas comportamentais, apadrinhado pela Neurociências.

Em comum com a Psicologia Budista, vem os treinamentos da mente através de diferentes técnicas de meditação como a Shamatha (no ocidente conhecida como Mindfulness ou Atenção Plena) e Metta Bhavana (no ocidente conhecida como Loving Kindness ou Bondade Amorosa – técnica pertencente às terapias focadas em compaixão e autocompaixão); além do profundo trabalho na expansão da consciência, desenvolvimento humano através da compreensão altamente sofisticada do funcionamento da mente para o que chamamos de sanidade brilhante.  A Psicologia Budista aliou-se à Neurociência e já a décadas está aliança permitiu um profundo avanço nas descobertas dos benefícios das práticas meditativas, como a neuroplasticidade do cérebro que promove mudanças na estrutura cerebral em praticantes avançados e como resultado temos melhora da memória, da inteligência cognitiva, na regulação emocional, e muito mais conforme as descobertas de cientistas como Phd Dr. Richard Davidson, Sara Lazar entre outros.

A base da Psicologia Budista é conduzir o ser a um estado de “sanidade brilhante”, ou seja, entre os ensinamentos de Budha, descobrimos que a dignidade e a sabedoria são inerentes a todo ser, mas cada um tem em sua própria natureza os sofrimentos e confusões mentais que dificultam o acesso a esta sanidade brilhante. Outro aspecto importante da Psicologia Budista revela é que a nossa natureza básica tem como características a clareza, a abertura e a compaixão, porém estes aspectos se desenvolvem de maneiras diferentes e na maioria precisam ser cultivados, ou como se diz, precisamos limpar o espelho empoeirado para descobrirmos quem realmente somos.

Uma das funções de quem trabalha com a Psicoterapia Contemplativa ou Psicologia Budista está em reconhecer esta sanidade mesmo diante dos sofrimentos mentais, das distorções e confusões emocionais e buscar cultivá-la tanto em si mesmo como em seus pacientes, assim é possível desenvolver habilidades necessárias para que se possa conhecer a si mesmo e ter uma melhor conexão com os outros.

As técnicas e treinamentos da mente dentro do atendimento terapêutico possibilita o desenvolvimento de insights, conexões e capacidades, além de desenvolver a compaixão e a empatia tanto na vida pessoal como na profissional. O cultivo da autoconsciência e do autoconhecimento promovem transformações duradouras que enriquecem a vida.

Entre as técnicas mais importantes estão as práticas de meditação Shamatha, que promove benefícios efetivos desde que praticados de forma intensa acompanhada de estudos rigorosos por parte do terapeuta contemplativo, a fim de que conheça o máximo de recursos para ajudar a remover os obstáculos que muitos praticantes iniciantes irão encontrar pelo caminho. É muito importante que o terapeuta também seja um praticante, assim poderá não só transformar a si mesmo mas compreender os processos mentais e as dificuldades que o seu cliente irá passar, além de poder fazer os ajustes que serão importantes ao longo do caminho. Porém, é importante salientar que buscar continuamente aprofundar conhecimentos tanto na Psicologia como a Filosofia Budista e no desenvolvimento cientifico que ocorre continuamente permite que esta gama de conhecimento possa ser levada para diferentes áreas como Educação, Ação Social, Liderança, negócios e desenvolvimento de carreira.

Os estudos contemplativos instigam a investigação de textos, arte, filosofia, práticas incorporadas, mitologia, reflexões, observações para desenvolver o potencial contemplativo. Esta busca pela meta investigação permite que possamos ter um entendimento inteligente da nossa própria experiência e dos tipos de desenvolvimento e treinamentos que se fazem necessários para o desenvolvimento interior e das inteligências envolvidas no processo destas práticas. Quando falamos de estudos contemplativos, nos referimos a um amplo espectro de práticas e investigações que são orientados à expansão da consciência e ao estado de clareza e quietude mental, que leva à maior compreensão e vivência da felicidade genuína proposta pela Psicologia Budista dentro da sanidade brilhante.


A investigação contemplativa também aborda as teorias da mente e as visões da realidade que estão intimamente ligadas à forma de como os treinamentos contemplativos são estruturados e quais os resultados devem ser esperados pelo praticante e também pelo psicoterapeuta. Por isso no estudo da Psicologia Contemplativa busca-se obter familiaridade com o campo da mente e da consciência, não só do ponto de vista da Neurociência e da Psicologia Ocidental, mas também da filosofia budista, onde é importante estudar os diferentes sistemas de conhecimento sobre mente e consciência, investigando a sabedoria de diversos mestres e lamas de diferentes escolas como a Sautrantrika, a Madhyamika, a Yogacara entre outras e figuras como Chandakirti, Dkarmmakirti, Asanga, Tsoongkhapa, Jamgon Kongtrul e seus comentaristas entre muitos outros que deixaram um legado de conhecimento  e técnicas que fundamentam praticas contemplativas como a Tantra, Mahamudra, Dzogchen etc., cada uma levando a níveis de concentração diferenciados, profundos e transformadores.

Assim, o tratamento com a Psicologia Contemplativa ou com a Psicologia Budista começa com a sanidade básica e não com as neuroses. Uma abordagem diferente mais positiva, onde se leva o paciente ao encontro de sua sabedoria e autocompaixão, promovendo por consequência clareza mental, discernimento, compaixão e empatia pelos outros, atenção e desenvolvimento de consciência. Torna-se importante para o terapeuta o cultivo constante da bondade amorosa em seus clientes, tanto consigo mesmo como os outros, trabalhando o sofrimento da culpa e da vitimização, da autoagressão.

Ao reconhecer que em todo ser existe uma sanidade brilhante encoberta de muitas formas e com muitas mascaras, o terapeuta deve ensinar ao paciente a percepção da sabedoria dentro das emoções confusas e dolorosas, e ajuda-lo a explorá-la com bondade amorosa, em vez de reprimi-las ou ignorá-las. Aprender a reconhecer e nomear as emoções, responder em vez de reagir. Abre-se então um espaço para um começar a se curar mais rapidamente. 

“A dor na vida é inevitável, mas o sofrimento não é. Dor é o que o mundo faz com você, sofrimento é o que você faz com você mesmo. Dor é inevitável, sofrer é opcional."- O Budha
 Estar ciente de nossa dor - mas não prolongar o sofrimento - ajuda as pessoas a acessar a paz mais rapidamente. 

A psicologia contemplativa é ideal para você?

A psicologia contemplativa ajuda você a descobrir um estado de ser mais desperto. Ao contrário de muitos métodos tradicionais de terapia, ele não se concentra simplesmente em “consertar” quaisquer sintomas dolorosos que você possa estar enfrentando. Em vez disso, ele se concentra no seu eu interior.

Isso não apenas ajuda a aliviar os problemas que você está enfrentando, como também ajuda a voltar ao seu centro simples e de boa índole.

Se você estiver curioso para saber se essa é a solução certa, não hesite em entrar em contato comigo. Você pode se surpreender com a quantidade de compaixão que tem dentro de você quando sabe como aproveitar isso.

Existem excelentes cursos de formação sérios como os da Universidade de Naropa  nos EUA. Muitos profissionais da área da Saúde Mental como o Psiquiatra americano e autor de livros Mark Epstein, Karen Kissel Wegela - NAropa University ou Gueshe Nawang Phende - Emory University (meu professor), entre outros. Vale muito a pena observarmos  o quanto a sabedoria oriental tem feito pelo desenvolvimento científico em benefício dos seres.



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