terça-feira, 19 de maio de 2020

Autocompaixão Radical




Autocompaixão radical

Amar a si mesmo não é egoísmo, mas uma parte importante no processo de cura, de desenvolver a coragem para viver a vida de forma fiel a si mesma.

Mas será que isso é possível? Principalmente em tempos de crise global, economia mundial abalada, pandemia, vírus, quarentena e tantas transformações na vida de milhões de pessoas? Será que tem como nos sentirmos alinhados com o que realmente importa ao nosso coração? Você está neste momento vivendo fiel a si mesmo? E o que é ser fiel a si mesmo?

Conforme vamos envelhecendo, vamos vivenciando momentos em que nos arrependemos das coisas que não fizemos, das palavras que não dissemos, das viagens que nunca se realizaram. Muitas vezes deixamos de agir de acordo com as nossas verdades devido às inseguranças, baixa autoestima, falta de autoconfiança ou porque nos preocupamos mais em agradar aos outros, salvar relacionamentos problemáticos. Então perdemos de vista as nossas aspirações e intenções mais profundas.

Ser fiel a si mesmo pode entre outros significados ser amoroso consigo mesmo, viver o momento presente com qualidade e autenticidade. Também pode significar em ter prazer em liberar a criatividade, acreditar em seus valores e princípios e fazer aquilo que ama. Então estamos falando em florescer em cima das próprias vulnerabilidades e conciliar suas ideias com os outros e com o mundo sem precisar abrir mão de quem realmente somos.

Para isso é preciso aprender a responder em vez de reagir, trabalhar o autojulgamento e parar de culpar os outros, deixar de ser mesquinho ou egoísta e também deixar de viver no piloto automático. A cada dia buscar o que é possível fazer para viver a própria vida sem aquela sensação de fracasso pessoal.

Esta sensação de fracasso pessoal traz junto o sofrimento de estar desconectado do mundo ao seu redor, em um sono profundo difícil de acordar. Acordar para a vida a ser vivida, sem o aprisionamento causado pelas emoções destrutivas, venenosas e dolorosas. Emoções que nos impedem de sentir as sensações prazerosas da realização, de percorrer o caminho de volta para casa, de sentir o amor que promove a cura. Esta é uma verdadeira jornada de autocompaixão.

Uma metáfora que adoro ensinar nas aulas de meditação, como um exercício de visualização é a da transformação da lagarta em borboleta.  Ao final de seu processo de transformação dentro do casulo, ela sai com esforço correto e próprio para abrir as asas e alçar voos com beleza e plenitude. Um voo de liberdade. Ninguém diz que esta transformação é fácil e sem dor, ninguém a ajuda. Fechada em seu casulo, a lagarta aguarda cada fase que em fim a levará uma vida totalmente diferente. Este mesmo estado de ser onde o convite é reconhecer quem você em cada momento, permitir que as experiências aconteçam, investigar sem julgar ou criticar e nutrir-se com sua determinação é uma verdadeira e profunda forma de meditação.

São quatro passos importantes na jornada – reconhecer, permitir, investigar e nutrir – e no final encontrar a liberdade que promove a cura, sem precisar machucar, ferir ou causar sofrimento a ninguém.

Cada um de nós irá dar os passos no seu próprio ritmo, principalmente em tempos de crise, onde precisamos desenvolver a resiliência diante do estresse, medo, reatividade, escolhas.  E a cada passo desenvolvemos um coração mais sábio e bondoso. A cada passo despertamos para quem realmente somos.

Mas sempre tem aquele que diz – não tenho tempo suficiente, para viver este processo. Não vivo sozinho, há interrupções, tarefas, preocupações em cada esquina. Esta jornada não é feira em um caminho reto. Sim é verdade, precisamos dar atenção ao que realmente importa, e cada um vai se sentir pressionado pelas demandas e responsabilidades. Mas quando realmente queremos curar a nossa vida sem nos sentirmos culpados pelas escolhas que fazemos, deixando a tristeza profunda que abala as nossas estruturas mais arraigadas, podemos fazer uma pausa.

E neste momento de pausa atencional voltar toda a nossa concentração para – reconhecer, permitir, investigar e nutrir quem realmente somos e aonde queremos chegar. A pausa nos ajuda a sair do transe que o piloto automático nos coloca e que nos impede de nos transformarmos em seres livres e fieis a nós mesmos em qualquer momento da vida. Tenha compaixão por si mesmo, isto não é em absoluto sentir pena se si mesmo ou buscar a simpatia como alivio para seu sofrimento. É amar-se com dignidade. É encontrar forças e coragem para então poder sentir compaixão pelos outros e poder servir ao mundo oferecendo o seu melhor.

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Sonia A F Santos – Tsuldrin Dechen
Psicoterapeuta Transpessoal
Analista Junguiana
Instrutora e Terapeuta em Mindfulness & Compassion
Mestranda em Self Compassion para equipe multidisciplinar em Oncologia
Palestrante


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