quinta-feira, 28 de maio de 2020

O Coronavírus pela visão BUDISTA


O Coronavírus pela visão BUDISTA
Discípulo:
Mestre, é tão difícil para eu entender do por que de vírus tão agressivo. Qual é o propósito?
Mestre:
Aprendizado. Essa pandemia foi gerada pelo homem através das constantes violações das leis universais.
Discípulo:
Mas algo tão ruim vai causar muita destruição.
Mestre:
O coronavírus não é ruim. Também não é bom. É necessário, é diferente. Não há nada errado com o universo. Se o coronavírus está presente, é porque a Divindade permitiu, de outra forma não poderia existir. A ideia de bem e mal é gerada em sua mente, que julga a partir da sua ignorância um evento que por si só é neutro.
Discípulo:
Mas tantas pessoas estão sendo infectadas no mundo, tantas outras ficarão sem comer. Muitos idosos, homens e mulheres. Isso é muito injusto.
Mestre:
O injusto não existe no amor universal. Isso existe apenas em sua mente que não entende o propósito profundo. O que existe é o justo, o preciso, o exato, o correspondente. Existe um processo evolutivo necessário que consiste em uma coleta constante de informações.
Um aprendizado enfrentando as dificuldades que a vida nos apresenta, para que, em meio ao caos e ao sofrimento gerado, descubramos o princípio do amor que se encontra na própria vida. E esse princípio de amor é o que nos libertará das limitações humanas e nos fará corresponder a experiências com muito mais satisfação e harmonia. Você precisa entender que ninguém experimenta uma experiência que não corresponde a ela. E se corresponder a ela, ele viverá, seja na resistência, na cura ou na morte física. O coronavírus não é ruim. É muito bom, pois muitas pessoas estão aprendendo com isso. O nível de consciência do planeta está subindo, estamos sentindo a necessidade de desenvolver grandes ferramentas de amor, como a aceitação, apreciação e adaptação.
Paciência, tolerância e respeito por nós e por todos.
Pode ser um teste difícil, mas não é ruim. Você está crescendo graças a ele. Se você parar de ver o coronavírus através dos medos e começar a vê-lo pelo seu entendimento poderá reconhecer o valor que existe nele. Então você passará neste teste que a vida está lhe apresentando. A decisão está em você. Você recebeu o poder de tomar decisões através do seu livre-arbítrio, e estas serão respeitadas por todo o universo. Você pode escolher o medo ou escolher o amor. A decisão é sua. Está em você!
Neste momento, qual a decisão que você está tomando? Você escolheu medo ou o amor? A decisão é sua, mas terá um resultado, que também é seu e você terá que assumir. Se você decidiu pelo medo, irá gerar destruição na sua paz, na sua energia vital, nos seus relacionamentos e na sua saúde. Se você decidiu amar, passará no teste que a vida lhe apresenta e não precisará mais sofrer novamente. Tenha como opção o amor. O amor é sempre o melhor caminho.
Discípulo:
E como faço para trilhar o caminho do amor e não do medo?
Mestre:
Torne-se um ser imperturbável. Invulnerável. Trabalhe em você para que sua paz e felicidade não dependa do externo. Pare de ver problemas e comece a ver oportunidades nas quais você pode aproveitar para fazer o crescimento interno. Desenvolva a aceitação. "Tudo o que acontece é perfeito, e se existe e acontece é porque tem um propósito".
"Pai, faça sua vontade, e não minha." "Mostre-me como posso servi-lo melhor."
Aprenda a fluir e a se adaptar. Aja com sabedoria em vez de reagir com a incompreensão.
Observe seu pensamento para que ele vibre apenas na alta frequência do amor. Isso lhe trará clareza de espírito. Não compartilhe seus medos com os outros. Compartilhe apenas seu entusiasmo, otimismo e sua alegria. Vigie seu verbo para que as suas palavras criem harmonia e faça com que os outros se sintam confiantes e seguros.
Faça amizade com o coronavírus. Não o veja como algo ruim, mas como algo necessário. E fale com ele: "O que você está me ensinando?" "Você é valioso para mim e estou disposto a aprender o que você pode me ensinar."
"Assim que eu aprender, você pode sair porque não vou mais precisar de você."
Aproveite a oportunidade que a vida lhe apresenta neste momento, para fazer um trabalho interior. Que a felicidade esteja sempre em sua caminhada


terça-feira, 26 de maio de 2020

As qualidades ilimitadas da mente que aliviam o sofrimento




As qualidades ilimitadas da mente que aliviam o sofrimento

Na psicologia budista são consideradas as como qualidades ilimitadas da mente: amor, compaixão, alegria simpática e a equanimidade.

Certa vez, um brâmane veio ao Budha e perguntou como ele poderia entrar na Morada do Divino. Budha disse a ele que isso era possível praticando a bondade sem limites para com todos os seres, praticar compaixão sem limites com todos os seres, levar alegria sem limites na salvação e bondade básica a todos os seres, e praticar a equanimidade sem limites em relação a todos os seres e, seja amigo do inimigo.

Praticando assim o Budha explicou, pode-se transformar os obstáculos da maldade que exulta sobre o infortúnio, a infelicidade e a mente egoísta dos outros.

Reconhecendo as qualidades da mente e praticando com elas, entramos no caminho que nos levará à Morada do Divino, ou também conhecida como a Morada de Brahma.

Em outro sutra, há uma história sobre o Budha manifestando essas qualidades ilimitadas da mente a um aluno brâmane. Havia um monge muito doente, seu corpo estava coberto de feridas supurantes e fedorentas que vazavam pus. Ninguém queria cuidar dele, ele tinha péssima aparência devido ao seu estado e cheirava muito mal.

Budha foi até a cabeceira de sua cama, limpou e cuidou de suas feridas, deu-lhe banhos, apoio e inspiração, meditou e concedeu-lhe os ensinamentos do Dharma. Algum tempo depois, o Budha disse a seus seguidores que, se realmente quisessem servi-lo, deveriam servir aos doentes com bondade, compaixão, alegria e equanimidade sem limites. Budha sabia que ele estava separado de qualquer forma de sofrimento.


Como se pode perceber, estas qualidades ou moradas tem um sabor distintamente budistas, e são:

1 – Metta -   a tradução de metta é bondade. Alguns estudiosos budistas dizem que simpatia (especificamente, "simpatia ilimitada") é uma tradução mais precisa do metta porque Metta deriva da palavra Pali mitta que significa "amigo". O mestre Neem Karoli Baba capturou a essência do metta quando ele disse: "Não jogue ninguém fora do seu coração". Ninguém mesmo, nem aquele político que você não gosta, ou seu vizinho barulhento ou o parente chato. Pense em metta como o simples ato de desejar a bondade para alguém, inclusive você mesmo. A essência da prática de metta é envolver todas as pessoas, todos os seres sencientes ou seja até mesmo os animais.

2 – Karuna – Karuna significa ompaixão, é aquele tipo de tremor do coração em resposta ao sofrimento de outro ser. Como no metta , nós devemos cultivar Karuna tanto para nós mesmos quanto para os outros. Responder com compaixão ao nosso próprio sofrimento – autocompaixão - gera compaixão pelos outros, porque, como disse a professora budista tibetana Pema Chodron, "a tristeza tem exatamente o mesmo gosto por todos nós". E, no entanto, muitos de nós têm dificuldade em cultivar compaixão por nós mesmos. Nós somos nossos próprios críticos mais severos. O mestre zen vietnamita, Thich Nhat Hanh, ensina: "Quando nossa mão esquerda é ferida, nossa mão direita cuida disso imediatamente. Não para dizer: “Estou cuidando de você, mas para beneficia-la com sua compaixão. ”

3 – Mudita – Não há uma tradução para esta palavra.  Diferentemente da compaixão, não somos criados para dar valor à Mudita, que tem o sentido de nos alegrarmos pela alegria dos outros, ou seja, uma alegria empática, esta é a morada celestial da alegria. Assim como o metta é um antídoto para nossas tendências de julgamento, o mudita é o antídoto perfeito para a inveja, pode ser um desafio cultivar mudita.

4 – Upekkha – A tradução da palavra Upekkha é equanimidade. Refere-se a uma mente calma e firme diante dos altos e baixos da vida, mesmo em tempos de pandemia, quarentena que vivemos neste momento. Essa é uma tarefa difícil, porque significa abrir nossos corações e mentes não apenas para experiências agradáveis, mas também para experiências desagradáveis. Resistir a esse último apenas acrescenta nosso próprio estresse ao que já é difícil. Lama Yeshe expressa lindamente a essência da equanimidade: "Se você espera que sua vida seja de alto a baixo, sua mente ficará muito mais pacífica".

Essas qualidades da mente e do coração são inerentes à nossa natureza básica, que o Budismo chama de virtudes universais ou de quatro moradas celestiais sem limites. Cultivando-as diariamente em nossa vida cotidiana, fortalecendo sua presença dentro de nós, vamos paulatinamente tornando-as mais fortes, e elas se transformarão de virtudes em qualidades sem limites. Essas moradas celestiais são como um tesouro incondicional que está sempre disponível para cada um de nós, até na hora da nossa morte.

Gerar essas quatro qualidades é a melhor forma de autocuidado, elas nos conectam com o fluxo contínuo de bondade básica, e este fluxo nos conecta uns aos outros continuamente. São a base qualitativa para o nosso trabalho em estar no presente na hora da morte. Em um sentido ainda mais profundo, o fortalecimento da qualidade de presença de cada uma delas amplia a autocompaixão e a compaixão pelos outros seres.

Podemos praticar cada uma das moradas direcionando a energia dela para nós mesmos, para um benfeitor, um amigo, um ente querido, uma pessoa difícil, para nossos pais e ancestrais, para um desconhecido ou mesmo diretamente para todos os seres sencientes.

Você pode começar por si mesmo e ir expandindo a prática dedicando um tempo a mais na sua prática meditativa, de forma sequencial, a todos os seres que você escolheu, até que no final sinta-se confortável em dedicar estas energias a todos os seres.


Prática Meditativa:

Comece sentando-se quieto em um lugar sereno e dê preferência silencioso o bastante para não se deixar perturbar pelos sons externos se você for um praticante de meditação iniciante. Respire algumas vezes de forma profunda e consciente para relaxar todo o seu corpo. E então comece lembrando quanto sofrimento há no mundo e, quanto gostaria que todos os seres tivessem paz e felicidade. Lembre-se que um dia, mais cedo ou mais tarde, você assim como todos os seres morrerão. Por isso, deseje que todos saibam usar da melhor forma possível a preciosa vida humana. Comprometa-se a se libertar do seu sofrimento e a ajudar os outros seres a livrarem-se do sofrimento.

Descanse sua mente neste espaço vazio, nesta abertura. Traga sua atenção suavemente para a sua respiração, sentindo, observando a inspiração e a expiração, calmamente. Comece praticando consigo mesmo, depois lembre de um amigo, um ente querido que esteja sofrendo. Isso traz abertura ao coração e aprofunda seu compromisso. Na inspiração eu sofro e ofereço uma das moradas. Você pode lembrar e mentalmente dizer uma frase, direcionando sua intenção ao destinatário escolhido. Frases como: “Que você tenha saúde e suas causas”, “Que você tenha paz”, etc. sinta-se aberto e comprometido, preste atenção aos sentimentos e sensações, às emoções que surgem no seu coração e mente durante a prática e se sentir necessidades deixe a prática seguir seu ritmo ou mudar se for preciso. Por exemplo: você pode sentir-se resistindo à inalação do sofrimento. Neste momento mude o foco da sua mente para sentir amor ou compaixão por si mesmo. Pense em frases como: “Que eu tenha paz”, “que eu tenha alegria” etc.

Ao final de um período de prática, descanse novamente na abertura da consciência, convide a sensação da gratidão por estar presente neste momento. Quão raro é abrir-se ao alimento da bondade básica! Dedique então o mérito ou as virtudes conquistadas com a prática para todos os seres em todos os lugares. Não tenha pressa em retornar ao cotidiano. Deixe os movimentos fluírem naturalmente.

Sonia A F Santos - Tsuldrin Dechen




terça-feira, 19 de maio de 2020

Autocompaixão Radical




Autocompaixão radical

Amar a si mesmo não é egoísmo, mas uma parte importante no processo de cura, de desenvolver a coragem para viver a vida de forma fiel a si mesma.

Mas será que isso é possível? Principalmente em tempos de crise global, economia mundial abalada, pandemia, vírus, quarentena e tantas transformações na vida de milhões de pessoas? Será que tem como nos sentirmos alinhados com o que realmente importa ao nosso coração? Você está neste momento vivendo fiel a si mesmo? E o que é ser fiel a si mesmo?

Conforme vamos envelhecendo, vamos vivenciando momentos em que nos arrependemos das coisas que não fizemos, das palavras que não dissemos, das viagens que nunca se realizaram. Muitas vezes deixamos de agir de acordo com as nossas verdades devido às inseguranças, baixa autoestima, falta de autoconfiança ou porque nos preocupamos mais em agradar aos outros, salvar relacionamentos problemáticos. Então perdemos de vista as nossas aspirações e intenções mais profundas.

Ser fiel a si mesmo pode entre outros significados ser amoroso consigo mesmo, viver o momento presente com qualidade e autenticidade. Também pode significar em ter prazer em liberar a criatividade, acreditar em seus valores e princípios e fazer aquilo que ama. Então estamos falando em florescer em cima das próprias vulnerabilidades e conciliar suas ideias com os outros e com o mundo sem precisar abrir mão de quem realmente somos.

Para isso é preciso aprender a responder em vez de reagir, trabalhar o autojulgamento e parar de culpar os outros, deixar de ser mesquinho ou egoísta e também deixar de viver no piloto automático. A cada dia buscar o que é possível fazer para viver a própria vida sem aquela sensação de fracasso pessoal.

Esta sensação de fracasso pessoal traz junto o sofrimento de estar desconectado do mundo ao seu redor, em um sono profundo difícil de acordar. Acordar para a vida a ser vivida, sem o aprisionamento causado pelas emoções destrutivas, venenosas e dolorosas. Emoções que nos impedem de sentir as sensações prazerosas da realização, de percorrer o caminho de volta para casa, de sentir o amor que promove a cura. Esta é uma verdadeira jornada de autocompaixão.

Uma metáfora que adoro ensinar nas aulas de meditação, como um exercício de visualização é a da transformação da lagarta em borboleta.  Ao final de seu processo de transformação dentro do casulo, ela sai com esforço correto e próprio para abrir as asas e alçar voos com beleza e plenitude. Um voo de liberdade. Ninguém diz que esta transformação é fácil e sem dor, ninguém a ajuda. Fechada em seu casulo, a lagarta aguarda cada fase que em fim a levará uma vida totalmente diferente. Este mesmo estado de ser onde o convite é reconhecer quem você em cada momento, permitir que as experiências aconteçam, investigar sem julgar ou criticar e nutrir-se com sua determinação é uma verdadeira e profunda forma de meditação.

São quatro passos importantes na jornada – reconhecer, permitir, investigar e nutrir – e no final encontrar a liberdade que promove a cura, sem precisar machucar, ferir ou causar sofrimento a ninguém.

Cada um de nós irá dar os passos no seu próprio ritmo, principalmente em tempos de crise, onde precisamos desenvolver a resiliência diante do estresse, medo, reatividade, escolhas.  E a cada passo desenvolvemos um coração mais sábio e bondoso. A cada passo despertamos para quem realmente somos.

Mas sempre tem aquele que diz – não tenho tempo suficiente, para viver este processo. Não vivo sozinho, há interrupções, tarefas, preocupações em cada esquina. Esta jornada não é feira em um caminho reto. Sim é verdade, precisamos dar atenção ao que realmente importa, e cada um vai se sentir pressionado pelas demandas e responsabilidades. Mas quando realmente queremos curar a nossa vida sem nos sentirmos culpados pelas escolhas que fazemos, deixando a tristeza profunda que abala as nossas estruturas mais arraigadas, podemos fazer uma pausa.

E neste momento de pausa atencional voltar toda a nossa concentração para – reconhecer, permitir, investigar e nutrir quem realmente somos e aonde queremos chegar. A pausa nos ajuda a sair do transe que o piloto automático nos coloca e que nos impede de nos transformarmos em seres livres e fieis a nós mesmos em qualquer momento da vida. Tenha compaixão por si mesmo, isto não é em absoluto sentir pena se si mesmo ou buscar a simpatia como alivio para seu sofrimento. É amar-se com dignidade. É encontrar forças e coragem para então poder sentir compaixão pelos outros e poder servir ao mundo oferecendo o seu melhor.

 Ser Atento Mindfulness Brasil - Whatsapp (11) 994635825





Sonia A F Santos – Tsuldrin Dechen
Psicoterapeuta Transpessoal
Analista Junguiana
Instrutora e Terapeuta em Mindfulness & Compassion
Mestranda em Self Compassion para equipe multidisciplinar em Oncologia
Palestrante


quarta-feira, 6 de maio de 2020

As cargas desnecessárias



As cargas desnecessárias
 
 
Conta-se que um homem caminhava vacilante pela estrada, levando uma pedra numa mão e um tijolo na outra.
Nas costas, carregava um saco de terra; em volta do peito trazia vinhas penduradas. Sobre a cabeça equilibrava uma abóbora pesada.
Durante o percurso encontrou um transeunte que lhe perguntou:
— Cansado viajante, por que carrega essa pedra tão grande?
— É estranho, respondeu o viajante, mas eu nunca tinha realmente notado que a carregava.
Então, ele jogou a pedra fora e se sentiu muito melhor.
Em seguida outra pessoa cruzou o seu caminho e lhe perguntou:
— Diga-me, cansado viajante, por que carrega essa abóbora tão pesada?
— Estou contente que me tenha feito essa pergunta, disse o viajante, porque eu não tinha percebido o que tinha na minha cabeça…
Então ele deixou a abóbora e continuou seu caminho com passos muito mais leves.
Um por um, os transeuntes foram avisando-o a respeito de suas cargas desnecessárias.
E ele foi abandonando uma a uma. Por fim, tornou-se um homem livre e caminhou como tal…

(Autor desconhecido)

segunda-feira, 4 de maio de 2020

PSICOLOGIA CONTEMPLATIVA




“O homem é um riacho cuja fonte está oculta. Nosso ser está descendo para dentro de nós, não sabemos de onde. ”
- Ralph Waldo Emerson



O que é Psicologia Contemplativa e Psicologia Budista?

De certa forma podemos dizer que a Psicologia Contemplativa tem como pais, a sabedoria de 2.500 anos da Psicologia Budista e as tradições clínicas da Psicologia ocidental, principalmente a escola humanista e as terapias cognitivas comportamentais, apadrinhado pela Neurociências.

Em comum com a Psicologia Budista, vem os treinamentos da mente através de diferentes técnicas de meditação como a Shamatha (no ocidente conhecida como Mindfulness ou Atenção Plena) e Metta Bhavana (no ocidente conhecida como Loving Kindness ou Bondade Amorosa – técnica pertencente às terapias focadas em compaixão e autocompaixão); além do profundo trabalho na expansão da consciência, desenvolvimento humano através da compreensão altamente sofisticada do funcionamento da mente para o que chamamos de sanidade brilhante.  A Psicologia Budista aliou-se à Neurociência e já a décadas está aliança permitiu um profundo avanço nas descobertas dos benefícios das práticas meditativas, como a neuroplasticidade do cérebro que promove mudanças na estrutura cerebral em praticantes avançados e como resultado temos melhora da memória, da inteligência cognitiva, na regulação emocional, e muito mais conforme as descobertas de cientistas como Phd Dr. Richard Davidson, Sara Lazar entre outros.

A base da Psicologia Budista é conduzir o ser a um estado de “sanidade brilhante”, ou seja, entre os ensinamentos de Budha, descobrimos que a dignidade e a sabedoria são inerentes a todo ser, mas cada um tem em sua própria natureza os sofrimentos e confusões mentais que dificultam o acesso a esta sanidade brilhante. Outro aspecto importante da Psicologia Budista revela é que a nossa natureza básica tem como características a clareza, a abertura e a compaixão, porém estes aspectos se desenvolvem de maneiras diferentes e na maioria precisam ser cultivados, ou como se diz, precisamos limpar o espelho empoeirado para descobrirmos quem realmente somos.

Uma das funções de quem trabalha com a Psicoterapia Contemplativa ou Psicologia Budista está em reconhecer esta sanidade mesmo diante dos sofrimentos mentais, das distorções e confusões emocionais e buscar cultivá-la tanto em si mesmo como em seus pacientes, assim é possível desenvolver habilidades necessárias para que se possa conhecer a si mesmo e ter uma melhor conexão com os outros.

As técnicas e treinamentos da mente dentro do atendimento terapêutico possibilita o desenvolvimento de insights, conexões e capacidades, além de desenvolver a compaixão e a empatia tanto na vida pessoal como na profissional. O cultivo da autoconsciência e do autoconhecimento promovem transformações duradouras que enriquecem a vida.

Entre as técnicas mais importantes estão as práticas de meditação Shamatha, que promove benefícios efetivos desde que praticados de forma intensa acompanhada de estudos rigorosos por parte do terapeuta contemplativo, a fim de que conheça o máximo de recursos para ajudar a remover os obstáculos que muitos praticantes iniciantes irão encontrar pelo caminho. É muito importante que o terapeuta também seja um praticante, assim poderá não só transformar a si mesmo mas compreender os processos mentais e as dificuldades que o seu cliente irá passar, além de poder fazer os ajustes que serão importantes ao longo do caminho. Porém, é importante salientar que buscar continuamente aprofundar conhecimentos tanto na Psicologia como a Filosofia Budista e no desenvolvimento cientifico que ocorre continuamente permite que esta gama de conhecimento possa ser levada para diferentes áreas como Educação, Ação Social, Liderança, negócios e desenvolvimento de carreira.

Os estudos contemplativos instigam a investigação de textos, arte, filosofia, práticas incorporadas, mitologia, reflexões, observações para desenvolver o potencial contemplativo. Esta busca pela meta investigação permite que possamos ter um entendimento inteligente da nossa própria experiência e dos tipos de desenvolvimento e treinamentos que se fazem necessários para o desenvolvimento interior e das inteligências envolvidas no processo destas práticas. Quando falamos de estudos contemplativos, nos referimos a um amplo espectro de práticas e investigações que são orientados à expansão da consciência e ao estado de clareza e quietude mental, que leva à maior compreensão e vivência da felicidade genuína proposta pela Psicologia Budista dentro da sanidade brilhante.


A investigação contemplativa também aborda as teorias da mente e as visões da realidade que estão intimamente ligadas à forma de como os treinamentos contemplativos são estruturados e quais os resultados devem ser esperados pelo praticante e também pelo psicoterapeuta. Por isso no estudo da Psicologia Contemplativa busca-se obter familiaridade com o campo da mente e da consciência, não só do ponto de vista da Neurociência e da Psicologia Ocidental, mas também da filosofia budista, onde é importante estudar os diferentes sistemas de conhecimento sobre mente e consciência, investigando a sabedoria de diversos mestres e lamas de diferentes escolas como a Sautrantrika, a Madhyamika, a Yogacara entre outras e figuras como Chandakirti, Dkarmmakirti, Asanga, Tsoongkhapa, Jamgon Kongtrul e seus comentaristas entre muitos outros que deixaram um legado de conhecimento  e técnicas que fundamentam praticas contemplativas como a Tantra, Mahamudra, Dzogchen etc., cada uma levando a níveis de concentração diferenciados, profundos e transformadores.

Assim, o tratamento com a Psicologia Contemplativa ou com a Psicologia Budista começa com a sanidade básica e não com as neuroses. Uma abordagem diferente mais positiva, onde se leva o paciente ao encontro de sua sabedoria e autocompaixão, promovendo por consequência clareza mental, discernimento, compaixão e empatia pelos outros, atenção e desenvolvimento de consciência. Torna-se importante para o terapeuta o cultivo constante da bondade amorosa em seus clientes, tanto consigo mesmo como os outros, trabalhando o sofrimento da culpa e da vitimização, da autoagressão.

Ao reconhecer que em todo ser existe uma sanidade brilhante encoberta de muitas formas e com muitas mascaras, o terapeuta deve ensinar ao paciente a percepção da sabedoria dentro das emoções confusas e dolorosas, e ajuda-lo a explorá-la com bondade amorosa, em vez de reprimi-las ou ignorá-las. Aprender a reconhecer e nomear as emoções, responder em vez de reagir. Abre-se então um espaço para um começar a se curar mais rapidamente. 

“A dor na vida é inevitável, mas o sofrimento não é. Dor é o que o mundo faz com você, sofrimento é o que você faz com você mesmo. Dor é inevitável, sofrer é opcional."- O Budha
 Estar ciente de nossa dor - mas não prolongar o sofrimento - ajuda as pessoas a acessar a paz mais rapidamente. 

A psicologia contemplativa é ideal para você?

A psicologia contemplativa ajuda você a descobrir um estado de ser mais desperto. Ao contrário de muitos métodos tradicionais de terapia, ele não se concentra simplesmente em “consertar” quaisquer sintomas dolorosos que você possa estar enfrentando. Em vez disso, ele se concentra no seu eu interior.

Isso não apenas ajuda a aliviar os problemas que você está enfrentando, como também ajuda a voltar ao seu centro simples e de boa índole.

Se você estiver curioso para saber se essa é a solução certa, não hesite em entrar em contato comigo. Você pode se surpreender com a quantidade de compaixão que tem dentro de você quando sabe como aproveitar isso.

Existem excelentes cursos de formação sérios como os da Universidade de Naropa  nos EUA. Muitos profissionais da área da Saúde Mental como o Psiquiatra americano e autor de livros Mark Epstein, Karen Kissel Wegela - NAropa University ou Gueshe Nawang Phende - Emory University (meu professor), entre outros. Vale muito a pena observarmos  o quanto a sabedoria oriental tem feito pelo desenvolvimento científico em benefício dos seres.