Aprendendo a
diferença entre –
Samatha,
Vipassyana e Metta Bhavana
O Budismo tem várias técnicas de Meditação,
técnicas que evoluem conforme o nível do praticante, sua dedicação e
disciplina. A técnica mais indicada para iniciantes é a meditação Samatha
(Sânscrito) ou Anapanasati (Pali) – ambas as palavras querem dizer Atenção
Plena – alguns dos objetivos da técnica Samatha é o desenvolvimento da atenção
plena, foco e concentração da mente, que no Budismo recebe o nome de Jhana ou
Appana (absorção). Segundo os ensinamentos de Ajhaan Thanissaro, o Dhammapada
menciona:
“Não existe
concentração (Jhana), sem sabedoria (panna) e não existe sabedoria sem
concentração. Aquele que tem ambos, concentração e sabedoria, está mais próximo
de Nibbana” (Dhp 372)
Para o Mestre alguns meditadores indicam que
ter concentração (Jhana) é uma condição para a sabedoria, enquanto outros
meditadores indicam que a sabedoria é uma condição para a concentração, mas na
prática tanto a sabedoria como a concentração se suportam mutuamente.
A Samatha é uma técnica de meditação com
objeto – quando a mente do praticante está totalmente centrada no objeto
escolhido, a mente está no estado de Appana. A mente não se distrai, não divaga
nem se perde nos pensamentos ruminantes, desta forma ela fica livre de todos os
tipos de obstáculos ou os chamados venenos na Psicologia Budista: desejo
sensual, raiva/apego, ódio/aversão, preguiça/torpor, preocupações/inquietudes,
remorso/duvida cética.
Ou a pergunta poderia ser – quais são os
benefícios da concentração ou atenção plena? Uma mente profundamente centrada é
livre de todos os tipos de ruminações e obstáculos mentais. Isto não significa
que o praticante fica livre de problemas, mas ele consegue manter um estado de
paz e plenitude quando está com a mente concentrada no objeto de meditação que
escolheu para a sua prática. Ainda podemos citar a redução do Stress e seus
sintomas tanto físicos, mentais como emocionais, possibilita fazer melhores
escolhas levando em consideração as nossas próprias falhas; melhora a função
cognitiva; diminuem as sensações das dores crônicas; provoca mudanças na
estrutura cerebral entre outros benefícios.
Em resumo poderíamos dizer que a Samatha
produz um estado de tranquilidade ou calma, porque a Samatha treina a mente
para ficar concentrada em um único objeto.
O objetivo desta prática inicial é ensinar o
aluno a atingir uma profunda concentração, mas isto não significa que o
praticante possa perceber com clareza os processos mentais e corporais em sua
verdadeira natureza. Isto acontece porque o praticante de Samatha não se torna
capaz de perceber o aparecimento e o desaparecimento de todos os fenômenos
mentais emocionais e físicos, e desta forma ele não consegue destruir as
contaminações por elas provocadas.
Para
destruir estas contaminações é preciso aprender as características da
existência e assim conhecer os processos do corpo e da mente. São consideradas
impurezas mentais ou contaminações, por exemplo: ganância, paixão, desejos,
raiva, ódio/aversão entre outras. E sem destruir tais impurezas torna-se
difícil o praticante livrar-se de todos os tipos de sofrimentos, ou seja, mesmo
sendo um praticante de meditação Samatha ele ainda estará mergulhado no oceano
de sofrimentos.
Um praticante de meditação avançado que já aprendeu
outras técnicas se tornará capaz de destruir estas impurezas mentais porque
aprenderá sobre Anicca, Dukkha e Anatta, ou seja, sobre a impermanência,
sofrimento e a natureza do processo do corpo e da mente, mesmo que não consiga destruir
todas estas contaminações; aprenderá a manter-se em estado de paz e felicidade.
Diferença entre Samatha e Vipassyana
Quando um praticante de meditação avança no
seu treino mental para a concentração, ele pode mudar para uma técnica um pouco
mais avançada, que a Vipassyana. Qualquer processo físico mental ou emocional
será então o objeto de meditação da meditação Vipassyana utilizando a
concentração já desenvolvida pela Samatha. Portanto a Samatha precede a
Vipassyana. E a Vipassyana é a técnica primordial utilizada para destruir as
contaminações. Quando temos dificuldade em nos mantermos concentrados e focados,
temos que primeiro centrar a mente por meio da técnica da Samatha antes de
irmos para a Vipassyana, pois para praticá-la é muito importante estarmos em
concentração profunda para podermos observar todos os processos que surgem no
corpo e/ou na mente e como este processo esta ocorrendo ou provocando.
A Vipassyana também é uma técnica de
meditação com objeto, através dela podemos alcançar a Nibbana ou liberação,
porque desenvolvemos a capacidade de compreender a nossa verdadeira natureza e
os processos mentais e corporais. Porém este desenvolvimento exige comprometimento,
disciplina e perseverança na prática, que pode demorar anos para se tornar
pura. A Vipassyana deve ser baseada na mente profundamente concentrada. É preciso
compreender muito este requisito, pois muitas pessoas alegam ensinar a
meditação Vipassyana, mas na verdade estão ensinando a Samatha.
A prática da Vipassyana também exige estudo e
acompanhamento de um professor ou instrutor de meditação, porque muitas vezes
durante a prática podem surgir na mente imagens indesejáveis, que podem causar
medo ou repulsa. Quando o praticante tem um professor acompanhando seu
desenvolvimento de Vipassyana ele desenvolve a confiança em si mesmo, desta
forma a pratica não pode causar dano algum à sua mente ou corpo. O praticante pode
enfrentar qualquer imagem mental, seja ela boa ou ruim, porque sabe que esta
imagem é apenas produto da sua mente. Uma mente inquieta pode produzir imagens
baseadas nas memorias, conceitos ou concepções, mas seja lá o que for, não é
necessário dar forças para nenhum tipo de medo ou inseguranças. O praticante
sério não faz julgamentos ou críticas, apenas observa e faz anotações mentais
para observar posteriormente se necessário, e deixa a imagem desaparecer.
E o que é
Metta Bhavana?
No desenvolvimento da prática meditativa o praticante
vai se tornando naturalmente mais bondoso ou compassivo. A bondade amorosa surge para com todos os
seres no mundo, surge também o intenso desejo de ver todos os seres vivendo em
paz e felizes. Metta Bhavana é a prática meditativa da bondade amorosa que
surge naturalmente nos praticantes sérios de meditação, tornando-os mais
calmos, amorosos, centrados e felizes. Isto porque tanto uma prática da Samatha
como a da Vipassyana torna a mente mais calma e concentrada, dominando os
pensamentos ruminantes ou fantasiosos.
A prática da meditação Metta Bhavana ou
Loving Kindness (Bondade Amorosa) nos ajuda a compreender que todos os seres
sofrem, passamos então a desejar que todos os seres sem julgamentos ou
distinções fiquem livres dos sofrimentos.
Referência:
· www.acessoinsight.net/arquivo_textos_theravada/jhanas
Obrigado, e muita metta
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