quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Samatha Vipassana ou Metta Bhavana - Qual a diferença?






Aprendendo a diferença entre –
Samatha, Vipassyana e Metta Bhavana

O Budismo tem várias técnicas de Meditação, técnicas que evoluem conforme o nível do praticante, sua dedicação e disciplina. A técnica mais indicada para iniciantes é a meditação Samatha (Sânscrito) ou Anapanasati (Pali) – ambas as palavras querem dizer Atenção Plena – alguns dos objetivos da técnica Samatha é o desenvolvimento da atenção plena, foco e concentração da mente, que no Budismo recebe o nome de Jhana ou Appana (absorção). Segundo os ensinamentos de Ajhaan Thanissaro, o Dhammapada menciona:

“Não existe concentração (Jhana), sem sabedoria (panna) e não existe sabedoria sem concentração. Aquele que tem ambos, concentração e sabedoria, está mais próximo de Nibbana” (Dhp 372)

Para o Mestre alguns meditadores indicam que ter concentração (Jhana) é uma condição para a sabedoria, enquanto outros meditadores indicam que a sabedoria é uma condição para a concentração, mas na prática tanto a sabedoria como a concentração se suportam mutuamente.

A Samatha é uma técnica de meditação com objeto – quando a mente do praticante está totalmente centrada no objeto escolhido, a mente está no estado de Appana. A mente não se distrai, não divaga nem se perde nos pensamentos ruminantes, desta forma ela fica livre de todos os tipos de obstáculos ou os chamados venenos na Psicologia Budista: desejo sensual, raiva/apego, ódio/aversão, preguiça/torpor, preocupações/inquietudes, remorso/duvida cética.

E quais são os benefícios da prática da Samatha?

Ou a pergunta poderia ser – quais são os benefícios da concentração ou atenção plena? Uma mente profundamente centrada é livre de todos os tipos de ruminações e obstáculos mentais. Isto não significa que o praticante fica livre de problemas, mas ele consegue manter um estado de paz e plenitude quando está com a mente concentrada no objeto de meditação que escolheu para a sua prática. Ainda podemos citar a redução do Stress e seus sintomas tanto físicos, mentais como emocionais, possibilita fazer melhores escolhas levando em consideração as nossas próprias falhas; melhora a função cognitiva; diminuem as sensações das dores crônicas; provoca mudanças na estrutura cerebral entre outros benefícios.

Em resumo poderíamos dizer que a Samatha produz um estado de tranquilidade ou calma, porque a Samatha treina a mente para ficar concentrada em um único objeto.
O objetivo desta prática inicial é ensinar o aluno a atingir uma profunda concentração, mas isto não significa que o praticante possa perceber com clareza os processos mentais e corporais em sua verdadeira natureza. Isto acontece porque o praticante de Samatha não se torna capaz de perceber o aparecimento e o desaparecimento de todos os fenômenos mentais emocionais e físicos, e desta forma ele não consegue destruir as contaminações por elas provocadas.

Para destruir estas contaminações é preciso aprender as características da existência e assim conhecer os processos do corpo e da mente. São consideradas impurezas mentais ou contaminações, por exemplo: ganância, paixão, desejos, raiva, ódio/aversão entre outras. E sem destruir tais impurezas torna-se difícil o praticante livrar-se de todos os tipos de sofrimentos, ou seja, mesmo sendo um praticante de meditação Samatha ele ainda estará mergulhado no oceano de sofrimentos.

Um praticante de meditação avançado que já aprendeu outras técnicas se tornará capaz de destruir estas impurezas mentais porque aprenderá sobre Anicca, Dukkha e Anatta, ou seja, sobre a impermanência, sofrimento e a natureza do processo do corpo e da mente, mesmo que não consiga destruir todas estas contaminações; aprenderá a manter-se em estado de paz e felicidade.


Diferença entre Samatha e Vipassyana

Quando um praticante de meditação avança no seu treino mental para a concentração, ele pode mudar para uma técnica um pouco mais avançada, que a Vipassyana. Qualquer processo físico mental ou emocional será então o objeto de meditação da meditação Vipassyana utilizando a concentração já desenvolvida pela Samatha. Portanto a Samatha precede a Vipassyana. E a Vipassyana é a técnica primordial utilizada para destruir as contaminações. Quando temos dificuldade em nos mantermos concentrados e focados, temos que primeiro centrar a mente por meio da técnica da Samatha antes de irmos para a Vipassyana, pois para praticá-la é muito importante estarmos em concentração profunda para podermos observar todos os processos que surgem no corpo e/ou na mente e como este processo esta ocorrendo ou provocando.

A Vipassyana também é uma técnica de meditação com objeto, através dela podemos alcançar a Nibbana ou liberação, porque desenvolvemos a capacidade de compreender a nossa verdadeira natureza e os processos mentais e corporais. Porém este desenvolvimento exige comprometimento, disciplina e perseverança na prática, que pode demorar anos para se tornar pura. A Vipassyana deve ser baseada na mente profundamente concentrada. É preciso compreender muito este requisito, pois muitas pessoas alegam ensinar a meditação Vipassyana, mas na verdade estão ensinando a Samatha.

A prática da Vipassyana também exige estudo e acompanhamento de um professor ou instrutor de meditação, porque muitas vezes durante a prática podem surgir na mente imagens indesejáveis, que podem causar medo ou repulsa. Quando o praticante tem um professor acompanhando seu desenvolvimento de Vipassyana ele desenvolve a confiança em si mesmo, desta forma a pratica não pode causar dano algum à sua mente ou corpo. O praticante pode enfrentar qualquer imagem mental, seja ela boa ou ruim, porque sabe que esta imagem é apenas produto da sua mente. Uma mente inquieta pode produzir imagens baseadas nas memorias, conceitos ou concepções, mas seja lá o que for, não é necessário dar forças para nenhum tipo de medo ou inseguranças. O praticante sério não faz julgamentos ou críticas, apenas observa e faz anotações mentais para observar posteriormente se necessário, e deixa a imagem desaparecer.

E o que é Metta Bhavana?

No desenvolvimento da prática meditativa o praticante vai se tornando naturalmente mais bondoso ou compassivo.  A bondade amorosa surge para com todos os seres no mundo, surge também o intenso desejo de ver todos os seres vivendo em paz e felizes. Metta Bhavana é a prática meditativa da bondade amorosa que surge naturalmente nos praticantes sérios de meditação, tornando-os mais calmos, amorosos, centrados e felizes. Isto porque tanto uma prática da Samatha como a da Vipassyana torna a mente mais calma e concentrada, dominando os pensamentos ruminantes ou fantasiosos.

A prática da meditação Metta Bhavana ou Loving Kindness (Bondade Amorosa) nos ajuda a compreender que todos os seres sofrem, passamos então a desejar que todos os seres sem julgamentos ou distinções fiquem livres dos sofrimentos.

Referência:
·      www.acessoinsight.net/arquivo_textos_theravada/jhanas












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