As UPANISHADS
São quatro os Vedas – Rg,
Atharva, Sama e Ayurveda – são compostos de hinos sânscritos com uma métrica
própria, contendo inúmeros Mantram para diversas divindades e intenções,
devoção e culto. Existem Mantram para Yajna – sacrifícios, outros para o corpo,
mente ou alma.
As Upanishads são um conjunto de
textos sânscritos escritos por diferentes Rish’s, que contêm um conhecimento
profundo sobre Brahman – O Absoluto e Atman, que é a parte de Brahman que está
em todos nós. Algumas Upanishads estão na forma de perguntas e respostas,
outras com a rica mitologia indiana e através delas obtemos ensinamentos e
reflexões. Muitas Upanishads são conhecidas pelo nome do Rishi que a escreveu
como a Katha Upanishad, outras têm o nome do primeiro Mantra que a inicia como
a Ishavasya Upanishad e outras são nomeadas segundo sua característica como a
Prashnopanishad.
As Upanishads são um legado à
humanidade. Os ensinamentos são instigantes, provocantes e quando estudados com
disciplina enriquecem o ser e provocam transformações na visão de mundo, ética,
crenças e até mesmo comportamentos. Afinal o estudante que tiver uma mente
inquieta, inquisitiva, quer conhecer a realidade à sua volta, quer desvendar os
segredos da Natureza. À medida que estudos os textos canônicos, ou os textos
épicos como o Ramayana e o Mahabharata que contem o Bhagavad Gita, espanto e
surpresa tomam conta do aluno. Por isso é muito rico estudar em grupo, onde a
troca de impressões e experiências aumenta a compreensão e o conhecimento. As
Upanishads funcionam como guias do caminho da espiritualidade indiana. No
Bhagavad Gita 4.34 está escrito: o estudante tem que se aproximar, perguntar e
servir para adquirir conhecimento.
Muitas perguntas surgem na mente
do neófito sobre a criação e a origem do Universo, a natureza da vida e da
morte, a evolução, a gestão e a administração do Cosmos. Para estes
questionamentos sugiro o estudo das seguintes Upanishads – Aitreya,
Brihadaranyaka, Shwestashwatar, Prashna e Chandogya.
1.
AITREYA UPANISHAD – O Rishi que o escreve chama-se
Mahidas. Esta Upanishad tem três capítulos. O primeiro capítulo fala sobre a
criação do Cosmo. O segundo trata da criação do ser humano, da transmigração da
alma e da sua liberação. O terceiro fala da natureza da alma e do divino. Neste
maravilho texto encontramos: “Atma va
idameka evagre aasit nanyatkim chinmishat, as eekshat lokan nu srijai iti –
Antes da criação só Paramatma – a Alma Suprema existe. Ele viu e desejou
criar.” E a Upanishad continua: “Atma va
santatih jayate – é o Eu, o procriador que renasce na forma de sua
descendência”.
2.
BRIHADARANYAKA – Seu nome significa – Brihad
(volumoso) e foi escrito em uma selva (Aranya).
Este texto contem seus capítulos, contem fabulas e o dialogo entre
Yagyavalka e Janaka, Maitreye, Gargi e entre Gargya e Ajatshatru. Nestes
diálogos, segredos complexos são explicados, como a origem do Tempo, da fala,
da essência da vida (Prana). Também encontramos nele algumas declarações: a) O
Senhor fez os sentidos extrovertidos porque estes são atraídos pelos objetos
dos sentidos, b) O Criador é um só e incomparável, não há um segundo. C) Toda a
criação é auto encarnada.
3.
SHWETASHWATAR – Esta Upanishad também leva o
nome do Rishi que a escreveu. É um verdadeiro tratado sobre a criação de
átomos, elétrons, prótons e a estrutura das células. Explica o papel do tempo,
da natureza, destino, das cargas positivas e negativas do imã. Além de explicar
a relação existente entre o Divino, o homem e a natureza. Entre tantos
ensinamentos encontramos – Toda a natureza é somente uma ilusão criada por
Brahman, que diz “Sou Um, mas torno-me múltiplo”.
4.
PRASHNOPANISHAD – Esta Upanishad é na verdade
uma série de perguntas e respostas formuladas por: Sukesh, Satyakam, Gargya,
Kaushalya, Vaidarbhi e Kabandhi. Entre as perguntas temos: Como acontece o
processo da criação? A importância da essência da vida (Prana). E também a
descrição da vida após a morte. Aprendemos com ela que Prana e Rayi (ativo e
passivo) são necessários para o processo criativo.
5.
CHANDOGYA – Esta é uma Upanishad muito
volumosa, dividida em oito seções e cento e cinqüenta e quatro subseções. Foi
compilada por Angirus. Nela aprendemos que os elementos físicos (água, luz
etc.) são necessários para dar suporte aos elementos mentais e psicológicos
como a fala, atenção etc. Também aprendemos sobre o desenvolvimento da
espiritualidade “O Supremo brilha em todos os lados” ou “A busca do Eterno e
Infinito é felicidade suprema”.
6.
ISHAVASYOPANISHAD – Ela tem este nome, porque a
primeira palavra é “Ishawasyam”. Esta Upanishad afirma a verdade da onipresença
do Divino, ensina que devemos ter a atitude do sacrifício e de uma vida de boas
ações, sem cobiçar riquezas.
7.
MANDUKYA – Esta também recebe o nome do
Rishi que a compilou. Explica que Brahman é onipresente no Mantra “AUM”.
Análisa esta Mantra, sua composição, aspectos e do Saber humano. Os quatros
estados de consciência – Vigília, Sonho, Sono Profundo e Turya. Explica as
cinco constituições da estrutura do corpo humano, a capacidade de realizar, a
essência da vida, dos desejos da mente humana, conhecimento, ego e intelecto.
Nela se refere a Brahman como “Ele” ou “EU”, o devoto como Bhakta e a alma do
conhecedor como Jnani.
8.
MUNDAKA – Ela explica que todos os
conhecimentos podem se tornar conhecidos. O observador Acharya ensina que o
conhecimento é de dois tipos: Para (Superior) e Apara (Inferior). A primeira
leva à libertação e auto-realização. Aprendemos que a verdadeira educação é
aquela que tem como objetivo a libertação.
9.
KENOPANISHAD – Kena significa – por quem. A
primeira questão da Upanishad é – Quem desvia a mente para os objetos dos sentidos?
Em outras palavras, qual é a força motriz por trás de todas as atividades
(física mental ou emocional). Ela estabelece de forma detalhada sobre a
existência do Poder Supremo que permeia, orienta e controla todo o Universo.
Este Poder é descrito como inimaginável e indescritível existente na forma de
Jivatma (alma individual) e Paramatma (Alma Suprema).
10.
KATHOPANISHAD – Foi compilada pelo Rishi
Katha, e é uma das mais conhecidas pelo diálogo entre Naciketa e o Deus da
Morte Yama. Devido à insistência de Naciketa, Yama revela os segredos da
autorealização.
11.
TAITTIRYA – Esta Upanishad é dividida em
três partes expõe o antigo sistema educacional. A primeira parte fala da
educação, a segunda da felicidade suprema e, a terceira explica a adoração do
Supremo. Ensina sobre o processo de aprendizagem, pronúncia, recitação,
fonologia, morfologia, semântica, sintaxe. Sobre os deveres do aluno e do
professor, a essência da educação, do estudo das escrituras e do
desenvolvimento do espírito do estudante.
Participar de um grupo de estudos
das escrituras canônicas da Índia, e também da visão de diferentes Mestres
proporciona esclarecimentos, informação e educação para o ser humano.
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