sexta-feira, 13 de junho de 2014

Advaita Vedanta

 As UPANISHADS

  Vedanta significa o “fim dos Vedas”. E a palavra sânscrita VEDA significa “conhecimento”. Sri Krsna ensina no Bhagavad Gita – “O conhecedor é a minha própria alma”.
São quatro os Vedas – Rg, Atharva, Sama e Ayurveda – são compostos de hinos sânscritos com uma métrica própria, contendo inúmeros Mantram para diversas divindades e intenções, devoção e culto. Existem Mantram para Yajna – sacrifícios, outros para o corpo, mente ou alma.
As Upanishads são um conjunto de textos sânscritos escritos por diferentes Rish’s, que contêm um conhecimento profundo sobre Brahman – O Absoluto e Atman, que é a parte de Brahman que está em todos nós. Algumas Upanishads estão na forma de perguntas e respostas, outras com a rica mitologia indiana e através delas obtemos ensinamentos e reflexões. Muitas Upanishads são conhecidas pelo nome do Rishi que a escreveu como a Katha Upanishad, outras têm o nome do primeiro Mantra que a inicia como a Ishavasya Upanishad e outras são nomeadas segundo sua característica como a Prashnopanishad.
As Upanishads são um legado à humanidade. Os ensinamentos são instigantes, provocantes e quando estudados com disciplina enriquecem o ser e provocam transformações na visão de mundo, ética, crenças e até mesmo comportamentos. Afinal o estudante que tiver uma mente inquieta, inquisitiva, quer conhecer a realidade à sua volta, quer desvendar os segredos da Natureza. À medida que estudos os textos canônicos, ou os textos épicos como o Ramayana e o Mahabharata que contem o Bhagavad Gita, espanto e surpresa tomam conta do aluno. Por isso é muito rico estudar em grupo, onde a troca de impressões e experiências aumenta a compreensão e o conhecimento. As Upanishads funcionam como guias do caminho da espiritualidade indiana. No Bhagavad Gita 4.34 está escrito: o estudante tem que se aproximar, perguntar e servir para adquirir conhecimento.
Muitas perguntas surgem na mente do neófito sobre a criação e a origem do Universo, a natureza da vida e da morte, a evolução, a gestão e a administração do Cosmos. Para estes questionamentos sugiro o estudo das seguintes Upanishads – Aitreya, Brihadaranyaka, Shwestashwatar, Prashna e Chandogya.
1.    AITREYA UPANISHAD – O Rishi que o escreve chama-se Mahidas. Esta Upanishad tem três capítulos. O primeiro capítulo fala sobre a criação do Cosmo. O segundo trata da criação do ser humano, da transmigração da alma e da sua liberação. O terceiro fala da natureza da alma e do divino. Neste maravilho texto encontramos: “Atma va idameka evagre aasit nanyatkim chinmishat, as eekshat lokan nu srijai iti – Antes da criação só Paramatma – a Alma Suprema existe. Ele viu e desejou criar.” E a Upanishad continua: “Atma va santatih jayate – é o Eu, o procriador que renasce na forma de sua descendência”.
2.    BRIHADARANYAKA – Seu nome significa – Brihad (volumoso) e foi escrito em uma selva (Aranya).  Este texto contem seus capítulos, contem fabulas e o dialogo entre Yagyavalka e Janaka, Maitreye, Gargi e entre Gargya e Ajatshatru. Nestes diálogos, segredos complexos são explicados, como a origem do Tempo, da fala, da essência da vida (Prana). Também encontramos nele algumas declarações: a) O Senhor fez os sentidos extrovertidos porque estes são atraídos pelos objetos dos sentidos, b) O Criador é um só e incomparável, não há um segundo. C) Toda a criação é auto encarnada.
3.    SHWETASHWATAR – Esta Upanishad também leva o nome do Rishi que a escreveu. É um verdadeiro tratado sobre a criação de átomos, elétrons, prótons e a estrutura das células. Explica o papel do tempo, da natureza, destino, das cargas positivas e negativas do imã. Além de explicar a relação existente entre o Divino, o homem e a natureza. Entre tantos ensinamentos encontramos – Toda a natureza é somente uma ilusão criada por Brahman, que diz “Sou Um, mas torno-me múltiplo”.
4.    PRASHNOPANISHAD – Esta Upanishad é na verdade uma série de perguntas e respostas formuladas por: Sukesh, Satyakam, Gargya, Kaushalya, Vaidarbhi e Kabandhi. Entre as perguntas temos: Como acontece o processo da criação? A importância da essência da vida (Prana). E também a descrição da vida após a morte. Aprendemos com ela que Prana e Rayi (ativo e passivo) são necessários para o processo criativo.
5.    CHANDOGYA – Esta é uma Upanishad muito volumosa, dividida em oito seções e cento e cinqüenta e quatro subseções. Foi compilada por Angirus. Nela aprendemos que os elementos físicos (água, luz etc.) são necessários para dar suporte aos elementos mentais e psicológicos como a fala, atenção etc. Também aprendemos sobre o desenvolvimento da espiritualidade “O Supremo brilha em todos os lados” ou “A busca do Eterno e Infinito é felicidade suprema”.
6.    ISHAVASYOPANISHAD – Ela tem este nome, porque a primeira palavra é “Ishawasyam”. Esta Upanishad afirma a verdade da onipresença do Divino, ensina que devemos ter a atitude do sacrifício e de uma vida de boas ações, sem cobiçar riquezas.
7.    MANDUKYA – Esta também recebe o nome do Rishi que a compilou. Explica que Brahman é onipresente no Mantra “AUM”. Análisa esta Mantra, sua composição, aspectos e do Saber humano. Os quatros estados de consciência – Vigília, Sonho, Sono Profundo e Turya. Explica as cinco constituições da estrutura do corpo humano, a capacidade de realizar, a essência da vida, dos desejos da mente humana, conhecimento, ego e intelecto. Nela se refere a Brahman como “Ele” ou “EU”, o devoto como Bhakta e a alma do conhecedor como Jnani.
8.    MUNDAKA – Ela explica que todos os conhecimentos podem se tornar conhecidos. O observador Acharya ensina que o conhecimento é de dois tipos: Para (Superior) e Apara (Inferior). A primeira leva à libertação e auto-realização. Aprendemos que a verdadeira educação é aquela que tem como objetivo a libertação.
9.    KENOPANISHAD – Kena significa – por quem. A primeira questão da Upanishad é – Quem desvia a mente para os objetos dos sentidos? Em outras palavras, qual é a força motriz por trás de todas as atividades (física mental ou emocional). Ela estabelece de forma detalhada sobre a existência do Poder Supremo que permeia, orienta e controla todo o Universo. Este Poder é descrito como inimaginável e indescritível existente na forma de Jivatma (alma individual) e Paramatma (Alma Suprema).
10.        KATHOPANISHAD – Foi compilada pelo Rishi Katha, e é uma das mais conhecidas pelo diálogo entre Naciketa e o Deus da Morte Yama. Devido à insistência de Naciketa, Yama revela os segredos da autorealização.
11.        TAITTIRYA – Esta Upanishad é dividida em três partes expõe o antigo sistema educacional. A primeira parte fala da educação, a segunda da felicidade suprema e, a terceira explica a adoração do Supremo. Ensina sobre o processo de aprendizagem, pronúncia, recitação, fonologia, morfologia, semântica, sintaxe. Sobre os deveres do aluno e do professor, a essência da educação, do estudo das escrituras e do desenvolvimento do espírito do estudante.
Participar de um grupo de estudos das escrituras canônicas da Índia, e também da visão de diferentes Mestres proporciona esclarecimentos, informação e educação para o ser humano.


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