Real mas não verdadeiro!
"Simplesmente
deixe a experiência acontecer muito livremente, para que o seu coração aberto
seja impregnado com a ternura da verdadeira compaixão."
~
TSOKNYI RINPOCHE
Real mas não verdadeiro é uma frase de impacto para momentos
em que vivenciamos uma emoção forte. Ela foi ensinada por Tsoknyi Rinpoche,
Professor do Dharmma e de meditação e autor de vários livros como: Open your Heart, Open your MInd, Carefree Dignity.
Na vida cotidiana, todas as nossas experiências sejam elas
boas ou ruins são moldadas por nossas crenças, e Gandhi já falava como as
nossas crenças se tornam nossos pensamentos e emoções, estes por sua vez estão
diretamente conectados aos nossos hábitos e comportamentos, que por sua vez
determinam o caminho que estamos trilhando. E na maioria das vezes este caminho
vem cheio de obstáculos que nos causam algum tipo de sofrimento.
E quando estamos sofrendo nos perdemos em meios aos
pensamentos e emoções, fortalecidos pelas nossas crenças, assim tendemos a
acreditar em algo que não é verdade, como por exemplo acreditar que nós ou os
outros não temos merecimento, ou que somos maus, que nada dá certo!
Ao invés de fazermos uma pausa intencional, e observarmos
nosso coração as nossas emoções e os nossos pensamentos e responder ao que
acontece no momento presente, ficamos observando a vida com uma visão
interpretativa que nos separa.
O Mestre Rumi (Mestre Sufi 1207 – 1273) ensina:
Eu
devo ter sido incrivelmente simples, bêbado ou insano,
entrar em minha própria casa e roubar dinheiro,
escalar minha própria cerca e pegar meus próprios vegetais.
Mas não mais. Eu me livrei daquele punho ignorante
que estava beliscando e torcendo meu eu secreto.
O universo e a luz das estrelas vêm através de mim.
Eu sou a lua crescente colocada
sobre o portão do festival.
entrar em minha própria casa e roubar dinheiro,
escalar minha própria cerca e pegar meus próprios vegetais.
Mas não mais. Eu me livrei daquele punho ignorante
que estava beliscando e torcendo meu eu secreto.
O universo e a luz das estrelas vêm através de mim.
Eu sou a lua crescente colocada
sobre o portão do festival.
Este verso revela o quanto
entramos com facilidade no transe das crenças limitantes, e prejudicamos a nós
mesmos com nossos pensamentos, emoções e comportamentos. Mas quando olhamos
para dentro, para o nosso coração, notamos que estas crenças dualistas não
existem, não há espaço para elas.
Tsoknyi Rinpoche, escreveu a frase: Real, mas não verdadeiro! Que
significa que enquanto os pensamentos estão realmente acontecendo (sejam eles
bons ou maus) e há uma bioquímica que os acompanha, eles são na verdade apenas
representações mentais das nossas crenças, que aumentam de intensidade virando
verdadeiras ruminações ou fantasias quando estão acompanhadas das emoções. Mas estes
pensamentos não são as experiências do momento presente, da mesma forma que um “mapa
não é o território” que ele representa, os nossos pensamentos não são a
realidade.
O que Tsoknyi está nos ensinando é que as nossas crenças
alimentam o nosso senso de separação, e é este senso que nos mantém distante da
felicidade genuína. Não gostamos ou muitas vezes preferimos não buscar alguma
forma de transformar as nossas crenças, investigar é difícil, no começo pode
nos causar até um sofrimento, mas é muito importante conhecer este véu que na
filosofia indiana é conhecido como o véu de Maya (Ilusão) que nos impede de
enxergar a realidade. Uma das técnicas usadas na Psicologia Budista é a
Shamatha (Atenção Simples), porque ela permite que possamos ver além das
crenças, emoções e pensamentos, a ver o momento presente, sem julgamentos ou críticas
e com aceitação da realidade que se apresenta.
Podemos então investigar de duas formas:
·
Desenvolvendo interesse e qualidade da mente atenta
para o que está acontecendo e penetrando camada por camada da crença limitante
ou;
·
Desenvolvendo a atenção plena (Mindfulness) indo diretamente
ao encontro do que surge com qualidade de presença plena, escuta atenta e
incorporada.
No processo de investigar as crenças limitantes perguntamos: Eu acredito em que? Como esta crença ou esta emoção está afetando a minha vida? Ao invés
de temer o sofrimento, vamos ao encontro dele, isto permite a abertura para a
autocompaixão que por sua vez nos leva a outras perguntas: Do que eu realmente mais preciso? O que me proporcionaria a cura deste
sofrimento? Como seria a minha vida se eu não tivesse esta crença? Como seria a
minha vida se eu tivesse maior controle sobre as minhas emoções?
Na medida em que com esforço e disciplina praticamos
Mindfulness (Atenção Plena) e Loving Kindness (Bondade Amorosa), desenvolvemos
as qualidade de atenção simples e compaixão, qualidades que enfraquecem o poder
da ilusão, dos pensamentos e emoções quando eles começam a surgir, e desta
maneira passamos a enfraquecer o poder da crença limitante.
As pausas intencionais nos ajudam a gradualmente abrirmos mais
espaço em nossa mente, adquirimos a clareza mental e um estado de bem-estar no
qual os chamados do coração conseguem se fazer ouvir, desenvolvemos então a
compaixão que promove a cura em nós e no mundo ao nosso redor.
Adaptado da palestra da Professora de Psicologia Budista e
Meditação Tara Brach de 1 de junho de 2016 – Real mas não verdadeiro:
libertando-nos das crenças prejudiciais.
Sonia A F Santos – Professora de Psicologia Budista e
Meditação, Instrutora e Terapeuta em Mindfulness e Compaixão. Coordena cursos
na área, e facilitadora do Círculo de Meditação no Instituto Casa do Encontro
onde atende com Psicologia Transpessoal e Análise Junguiana com hora marcada. Palestras, retiros, cursos e workshops, podem ser oferecidos em outros espaços e cidades. Mindfulness Work para empresas e escolas.
Contato:
E-mail: seratento.2016@gmail.com
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