terça-feira, 2 de junho de 2020

Assim como eu

Assim como eu




A muito tempo me dedico ao estudo da Psicologia Contemplativa que a cada dia mais me fascina, e minha felicidade aumenta quando acompanho inúmeras pesquisas científicas e simpósios como o que aconteceu recentemente – Simpósio Internacional Varela – 2020, que reuniu renomados nomes da ciência como Phd Dr Richard Davidson Neurocientista da Universidade de Wisconsin reconhecido pelo seu sobre a neuroplasticidade do cérebro feito com meditadores avançados entre outros trabalhos significativos e também estiveram presentes Roshi Joan Halifax, PhD; Sensei Al Kaszniak, PhD; John Dunne, PhD; Jonathan Schooler, PhD; Kalina Christoff, PhD; Jay L. Garfield, PhD; Elissa Epel, PhD; Wendy Hasenkamp, PhD.

Este simpósio explorou o Grande Panorama da Consciência – Insights da Neurociência, Ciência Cognitiva e Budismo. Questões importantes foram abordadas e debatidas nos campos dos estudos budistas, filosofia da mente, psicologia contemplativa, tais como: podemos estar conscientes sem que haja algum objeto ou algum conteúdo da consciência? Como podemos ter consciência de estarmos conscientes, ou seja, experienciarmos a metaconsciência? O que é divagação mental e como isso afeta nossa experiência sensorial e cognitiva? Como a atividade da “rede de modo padrão” afeta a consciência? E os chamados estados mentais incomuns e experiências místicas? Como podemos regular nossa reatividade física e mental (incluindo medo e raiva) para reduzir o sofrimento? O que acontece com a consciência em estados de “inconsciência”? Como a consciência funciona no sono, durante a anestesia, no coma, em estados de declínio cognitivo, e no momento da morte?
O mundo claramente está passando por um momento complexo, onde toda a humanidade está sendo convidada a rever todo o seu pensar sobre a vida. Urge o desenvolvimento da consciência. E para mim, que dedico muito do meu tempo ao meu próprio desenvolvimento e a ajudar outros no caminho não só em consultório, mas também como professora de meditação e instrutora de Mindfulness e Compaixão o esforço sempre vale a pena.

Uma das técnicas que me encanta são aquelas ligadas à compaixão e a autocompaixão, tema do meu mestrado – Autocompaixão aplicada à Fadiga da Compaixão na equipe multidisciplinar em Oncologia. Afinal, sofremos quando vemos o outro sofrer, mas reconhecer o próprio sofrimento e lidar com isso é muito difícil.


Quero deixar aqui uma prática para aumentar a compaixão, tema importante quando falamos de desenvolvimento de consciência, afinal, o que compartilhamos como seres humanos? Devemos apreciar o que temos em comum como seres sencientes, nos ajudar a apreciar em como somos iguais. Então esta é uma prática para aprender a apreciar os outros, isso contribui para expandir nossa consciência como seres humanos, como parceiros, amigos, colegas, os chamados neutros (aqueles que passam pela nossa vida como carteiros, porteiros, entregadores e tantos outros seres humanos cujo nome e história não conhecemos) e também aqueles cujo relacionamento ou convivência é difícil.

Prática meditativa – Compaixão pelos Outros - Assim como eu

Pare o que está fazendo, por um instante, acomode-se em sua cadeira, mantendo uma postura ereta e tranquila, sem ser relaxada e solta demais. Tome consciência de quem está à sua frente, ou que vem à sua mente quando quero desejar algo a alguém. Então faça umas poucas respirações, profundas e suaves, tomando contato com seu corpo e sensações. Não precisa de muito tempo para isso, uns dois minutos é o suficiente. Então silenciosamente comece mentalmente a repetir frases, como os exemplos abaixo, enquanto apenas observa seu parceiro.

“Essa pessoa tem um corpo, fala e mente, assim como eu”;
“Essa pessoa tem sentimentos, pensamentos e emoções, assim como eu”;
“Essa pessoa experimentou durante a sua vida dores e sofrimentos físicos e emocionais, assim como eu”;
“Essa pessoa já esteve triste em algum momento, assim como eu”;
“Essa pessoa ficou decepcionada na vida, assim como eu”;
“Essa pessoa se preocupa, assim como eu”;
“Essa pessoa sente raiva, assim como eu”;
“Essa pessoa vai morrer, assim como eu”;
“Essa pessoa deseja alivio do sofrimento, assim como eu”;
“Essa pessoa deseja ser amada, assim como eu”.
Permita que outras frases como estas surjam em sua mente, desejos de bem-estar, saúde e felicidade:
“Eu desejo que você esteja livre da dor e do sofrimento”;
“Eu desejo que você esteja em paz e feliz”;
“Eu desejo que você seja amado, porque é um ser senciente, assim como eu”;
Então faça um encerramento mental de gratidão e perdão do seu jeito, da forma que achar mais apropriada.

Perceba as sensações e emoções que surgem em seu corpo e sua mente.

Pequenas pausas meditativas como esta têm mostrado seu valor em várias áreas da vida. Promovem bem-estar, reflexão, compaixão, atitudes empáticas e altruísticas, melhoram relacionamentos, conexão social e muito mais. Convido a todos a tentar, e gostaria que compartilhassem a experiência.

Sonia A F Santos – Tsuldrin Dechen
Analista Junguiana
Professora de Meditação
 Instrutora de Mindfulness e Compaixão
Terapias Baseadas em Mindfulness e Compaixão
Palestrante
Contato: seratento.2016@gmail.com ou pelo whatsapp: (11) 994635825







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